Um levantamento da Serasa e da Blend New Reserch aponta que o endividamento relacionado à compra de alimentos e contas essenciais como luz, água e aluguel foi o que mais cresceu na pandemia. Cerca de 11% dos motivos de endividamento dos brasileiros neste ano têm relação com compras de mantimentos e gastos de rotina. É o dobro do registrado no ano passado, quando essa categoria não passou dos 5%.
Os alimentos e gastos domésticos também cresceram como motivo de reendividamento, com 18% das pessoas afirmando que voltaram a ter o nome sujo por conta da incapacidade de pagar itens de subsistência com a renda que possuem. A reincidência de dívidas ao longo da pandemia atingiu metade da população brasileira economicamente ativa.
Segundo o levantamento, o auxílio emergencial foi usado por quase dois terços dos brasileiros que tiveram acesso a ele para pagar despesas básicas. O que o auxílio não conseguiu cobrir foi preciso retirar da dieta ou assumir dívidas para comprar.
Neste ano de pandemia, esses gastos essenciais só não foram maiores como motivo de endividamento que desemprego e descontrole financeiro, que estão historicamente no topo da lista e que representaram, respectivamente, 40% e 14% do endividamento dos brasileiros em 2020.
O estudo diz ainda que o cartão de crédito, que tem os maiores juros entre todas as modalidades, pode ter sido a maneira escolhida pela maior parte dos brasileiros para pagar a compra do mês quando o salário ou o auxílio não foram suficientes. Cerca de 58% das dívidas em 2020 são relacionadas a esse tipo de crédito.
Mesmo entre os que continuaram empregado, o aumento do endividamento pode ter sido uma solução para complementar o salário, que pode ter sido reduzido pelo programa de manutenção de emprego.
“Quando a renda do brasileiro é cortada, seja em partes ou por completo, o cartão de crédito é o primeiro recurso para manter compras cotidianas, mesmo que isso possa se tornar uma dívida futuramente”, afirma gerente de marketing da Serasa, Matheus Moura.