José Escarlate
Após a posse de Ernesto Geisel, as disputas palacianas foram iniciadas e pressentidas pelos observadores mais atentos.
Um deles, Geraldo Quinsan. O secretário particular Heitor Aquino Ferreira, não escondia seu desapreço por Quinsan. Para nós, repórteres, a lingua solta do professor era um manancial inesgotável de notícias.
O que ele revelava era em “off”, quer dizer, sem fonte, mas para O Globo, os papos e a língua solta e sem censura do Quinsan eram imperdíveis.
Certo dia, o professor Quinsan está em sua sala, quando foi chamado pelo presidente. Humberto Barreto estava viajando.
De pé – Geisel era um homem extremamente educado – pegou um documento à mesa e o entregou a ele, determinando: “Divulgue isto, por favor”.
Quinsan leu o documento e não gostou do que viu. Depois, Virou-se para o presidente e, demonstrando extrema ousadia, comentou: “Se eu fosse o senhor, presidente, não assinaria este decreto”.
Bem humorado, Geisel sorriu e comentou:
“Ainda bem que você não é o presidente”. E bateu firme: “Divulgue o decreto.”