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General Dureza esquece em CPI que o Haiti não é mais aqui

O que esperar de quem se esgueirou pelo poder e passou quatro anos com dois ou mais polpudos contracheques? Nada além do que o Brasil está vendo. Vergonhoso porque, do princípio ao fim, o mesmo Brasil assistiu a tudo de pertinho. Impossível saber o que aconteceu dentro das quatro paredes do gabinete, mas, indiscutivelmente, foi um casamento perfeito, inclusive com troca de alianças douradas entre o general Dureza, o Tenente Mironga, o Sargento Tainha e o Recruta Zero. Aliás, elas começaram com a dancinha pública da música de Bezerra da Silva (Se gritar pega ladrão…) em referência aos inimigos do Centrão e terminaram, também publicamente, com as devidas desculpas e com o beija mão dos caciques do bloco mandão.

Com o aval dos sem-estrela e dos estrelados de pijama, começou ali o debate para a frustrada tentativa de furar as quatro linhas no caso de um desfecho ruim. E tudo sob os auspícios e o chicote do líder da matilha, o Recruta Zero. Mais uma vez o Brasil viu coisa bem pior do que os arranjos iniciais. Mesmo fora das quatro linhas e dentro do esquemão articulado amadoristicamente por pessoas que entendiam de golpe o que eu entendo dos mecanismos da Nasa, o desfecho foi terrivelmente pavoroso. Passados oito meses e meio, é natural que os cães de guarda ainda não tenham se desacostumado a vigiar ou a guardar os locais nos quais desaguavam seus rancores e mágoas contra os que, um dia, juraram defender.

É o tal instinto de proteção ao território e à matilha. Também é normal que, vestidos com fardamentos mais fúnebres, deponham à CPI do 8 de janeiro e repilam quaisquer ameaças contra o Shih-tzu metido a lobo dos alpes piauienses que prometeu aos dobermanns que o mantinham macho jamais sair do palácio que encheu de pulgas. Sem os holofotes e com a grana limitada ao soldo, imagino esse moço graduado no centro da sala, diante da mesa, e no fundo do prato somente comida e tristeza. Valha-me Belchior! Como você bem disse, cada um guarda mais o seu segredo. A sua mão fechada, a sua boca aberta, o seu peito deserto, a sua mão parada, selada, molhada de medo do “ladrão” que lhe apoquenta o juízo, a alma, o coração e o bolso.

E olha que, de certa feita, aquele Brasil que não o conhecia lhe rendeu homenagens. Pois é, moço hoje sem estrela alguma, o mundo realmente é um moinho. Mesmo lá do céu, Cartola triturou seus sonhos tão mesquinhos e, como fez com outros também cheios de divisas, vai reduzir suas ilusões a pó. Graças ao Deus acima de todos, os momentos felizes não deixaram raízes no seu penar. Tantas você fez que Vinícius de Moraes, ainda que sem Toquinho, pensou um tiquinho e resolveu transformá-lo em Regra Três. Grande Vinícius, o perseguido pelos generais, deixou um recado para a tropa: “Tem sempre o dia em que a casa cai/Pois vai curtir seu deserto, vai/Mas deixe a lâmpada acesa…”

O Haiti, onde ele “brilhou”, não é mais aqui. “É o pau, é pedra, é o fim do caminho/É um resto de toco, é um pouco sozinho…/Caingá candeia, é o matita-pereira”. Com todas as vênias a Tom Jobim, não são as Águas de Março, mas as de Setembro fechando o inverno e lacrando a vida do cabra com a metáfora da inevitável progressão rumo à morte. Em resumo, seu sarcasmo, sua ironia, seu machismo e sua truculência não assustam mais nem os cabos que lhe servem como estafetas. O Brasil não é mais um quintal de seus lacaios. Contra sua vontade, o “ladrão” subiu a rampa do Planalto e subiu para ficar. Quanto a seu coleguinha de maldades, restam-lhe poucos dias de liberdade. E tudo dentro das quatro linhas. Só para lembrar ao cidadão supostamente beneficiado com próteses penianas, a minuta do golpe não é uma invenção da mídia comunista.

O levante só não se consumou porque vocês e seus patriotas de araque são despreparados até para atentar contra indefesos. É verdade que precisava haver uma direção, uma cabeça muito preparada para golpear impunemente um país de 8,5 milhões de km² e mais de 200 milhões de habitantes. Faltava principalmente alguém que o povo gostasse. E de vocês, que odiavam quem não os amasse, ninguém gostava. Talvez não odiassem, pois nem isso mereciam. Sem saber de nada e de nada ter participado, o moço que mandava em tudo é um santo fantasiado de diabinho disposto a proteger seu mestre e ex-comandado. Tempo perdido, pois o do pau oco foi descoberto com a boca e o bolso cheios de ódio, de ouro e de PIX. Acabou. Tenente Mironga entregou até a ceroula. Trocando em miúdos, acho que ele e vocês si…lascaram.

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