Lula convive com três correntes políticas no Congresso Nacional. O primeiro grupo, de apoio consistente e incondicional ao Palácio do Planalto, reúne 140 deputados e 15 senadores do PT, PDT, PSB, Psol/Rede, PCdoB, Avante, PV e Solidariedade/Pros.
Os chamados ‘independentes’, onde estão acomodados muitos dos famosos ‘é dando que se recebe’, somam, nas duas Casas legislativas, 242 votos do União Brasil, PSD, MDB, Republicanos, Podemos/PSC e Patriota/PTB.
A oposição propriamente dita, embora com manifestações divergentes pontuais, dispõe de 197 parlamentares do PL, PP, PSDB/Cidadania e PSC. Suas principais estrelas (não aquela vermelha) são Sérgio Moro e Hamilton Mourão.
Na ponta do lápis, no mesmo balaio, são 594 congressistas, cinco dos quais andam batendo cabeça.
Portanto, o governo não tem, nem de longe, uma bancada para chamar de sua. Essa situação deixa Lula contra a parede, obrigando o Planalto a ter pesadelos com o fantasma da derrota. Para não ficar em uma trincheira permanente, o presidente abre espaços na Esplanada e em empresas públicas. É o caso, por exemplo, da Caixa Econômica Federal.
Naquela que é considerada a maior instituição financeira social do país, existem quatro intocáveis remanescentes da era bolsonarista. Representam a ‘gestão do medo’, a que se referiu Rita Serrano ao assumir a presidência da Caixa. A gestora chegou mesmo a anunciar uma limpeza dos discípulos de Pedro Guimarães, O Assediador, mas a promessa perdeu-se no meio do caminho.
É verdade que Lula não é nenhum Júlio César. Mas, para evitar que um novo Brutus use um punhal pelas costas, sugere-se ficar de olho em gente que manda na Caixa mais do que na própria casa. Dão-se, aqui, nomes aos bois:
Monica dos Santos Monteiro, vice-presidente de Logística, indicada para o cargo por Flávio Bolsonaro (PL), a pedido de Gustavo Montezano (ex-presidente do BNDES). Os dois são amigos de infância desde a época em que brincavam de velocípede com o miliciano Adriano da Nóbrega. Monica é amiga de ambos e afilhada de Paulo Guedes.
Thays Cintra Vieira, vice-presidente de Negócios. Caiu nas graças de Jair Bolsonaro e Pedro Guimarães por implementar todas as medidas que favoreceram a popularidade do presidente fujão. Coube a ela arquitetar o caça-votos conhecido como empréstimo consignado do auxílio emergencial. Sua permanência no cargo tem o patrocínio da deputada Ana Paula Junqueira Leão (PP) e da senadora Teresa Cristina, da mesma legenda.
Julio Cesar Volpp Sierra, vice-presidente da Rede de Varejo, remanescente do grupo nomeado por Daniela Marques. A título de estágio, passou antes pela presidência da Caixa Cartões e vice-presidência de Negócios de Varejo. Tem as costas quentes graças aos bolsonaristas Tarcísio Freitas e seu vice Felicio Ramuth. Os dois ocupam, respectivamente, as cadeiras 1 e 2 do governo de São Paulo.
Edilson Carrogi Ribeiro Vianna, vice-presidente do Agente Operador/Fundos de Governo e Loterias, nomeado na gestão bolsonarista de Pedro Guimarães com o aval do deputado Marcos Pereira (Republicanos) e da sua Igreja Universal. Segue ileso na gestão de Rita Serrano; Edir Macedo costuma louvar Deus por segurar um fiel que controla o FGTS, FCVS e jogos lotéricos. São áreas em que os recursos abundam em zeros. Todos à direita.
Notibras tentou, sem sucesso, contato com a presidente Rita Serrano. Além dos canais tradicionais (Gabinete da Presidência e Assessoria de Comunicação), a Redação recorreu ao Alô CAIXA, Atendimento CAIXA Cidadão, SAC e Ouvidoria. O espaço está aberto para eventuais manifestações.