Ibaneis Rocha, que disputa o Palácio do Buriti em uma coligação encabeçada pelo MDB do ex-vice-governador Tadeu Filippelli – aquele que foi demitido por Michel Temer após uma série de suspeitas perigosas -, tem virado as noites em reuniões partidárias. Depois, como Pantaleão, corre atrás de voto no sentido inverso do Diabo que foge da cruz. Tenta combater cancros que insistem em contagiar tudo à sua volta. E na calada da noite vai levando a campanha.
Ficam rastros nesses encontros noturnos. E como não poderia deixar de ser, nesta sexta, 14, o candidato jogou pulga atrás das orelhas de muita gente, ao registrar em cartório alguns compromissos. Entre as promessas de Ibaneis, está a recusa do salário de governador caso vença a eleição, como também rejeitar a ocupação da residência oficial de Águas Claras, cuja manutenção suga alguns milhões de reais dos cofres públicos.
O pomposo gesto de Ibaneis no cartório, coisa comum entre candidatos que acenam com promessas não cumpridas, faz recordar o ditado popular segundo o qual “pau que dá em Chico, dá em Francisco”. Essa é uma regra que parece verdadeira quando trazida para a distribuição das benesses do Estado.
Para entender melhor: o candidato a governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha, como advogado, tem um sem número de processos em que ele representa servidores em ações contra o governo que ele sonha comandar. São processos que, eventualmente vitoriosos, sangrarão ainda mais o erário.
Agora, com um forte viés visto por seus adversários – e grande parte das entidades representativas da sociedade civil organizada –, como oportunista, Ibaneis declara mais uma vez em cartório que não receberá honorários dessas ações. Um gesto inócuo que todo leigo pode interpretar. A lógica é irrefutável: se o escritório dele recebe, logo chegará aos seus bolsos na distribuição dos lucros. Ou seja, o pau, inevitavelmente, baterá em Chico com o som forte do tilintar de moedas do povo.
As supostas futuras vantagens não param por aí. O escritório liderado por Ibaneis também atuou em causas que terminaram com pagamentos via precatórios. Coincidência ou não, o governo de Rodrigo Rollemberg acaba de anunciar – em plena disputa eleitoral -, o pagamento de 100 milhões de reais para quitar parte dessa dívida. Quer dizer, não precisa nem falar que o escritório de Ibaneis encherá as burras com mais verba pública. E o pau que deu em Chico acertou em cheio também o Francisco.
Se – uma possibilidade pouco provável -, Ibaneis chegar ao governo, o ditado do pau do Chico e Francisco poderá ser alterado, beneficiando nomes que irão de A a Z. Um universo que vai muito além dos pobres Chicos e Franciscos.
Vai ter pau para todo mundo. Inclusive para o povo, embora com significado diferente.