O Santa Cruz voltou. Depois de quase um ano de paralisação, sem calendário, sem torneios a disputar, o time de maior torcida do Norte-Nordeste, Santa Cruz Futebol Clube, conhecido por sua camisa tricolor listrada como uma cobra coral, ressurgiu das cinzas no início deste ano e voltou a dar alegria ao futebol pernambucano. A nova equipe formada e comandada pelo técnico Itamar Schulle, em apenas dois meses levou cerca de 100 mil torcedores ao Estádio do Arruda e é líder absoluta da primeira fase do campeonato estadual.
Mantida esta colocação, o Santa Cruz terá vaga garantida na Copa Brasil de 2026. Sua inclusão no calendário de mais uma competição nacional – o clube já disputará este ano a série D do Campeonato Brasileiro, podendo estar na C, no próximo ano – dará ao tricolor pernambucano maior presença no cenário futebolístico do país, o que poderá reverter-se em novos ganhos financeiros.
O Santa Cruz voltou com o apoio de um grupo de empresários mineiros dispostos a investir R$ 1 bilhão na SAF em que o clube está se transformando. Além de permitir a formação do novo elenco do tricolor do Arruda, esse montão de dinheiro servirá também para cobrir despesas com obras de recuperação do Estádio José do Rego Maciel, no bairro do Arruda, onde será instalado um sistema de reconhecimento facial, o centro de treinamento do clube e para pagar uma dívida da ordem de R$ 300 milhões.
O reconhecimento facial foi uma exigência da Federação Pernambucana de Futebol depois do último confronto entre as torcidas do Sport e Santa Cruz, antes do clássico das duas equipes, causando um grande transtorno nas ruas do Recife. Essa questão preocupa o empresário mineiro Márcio Cadar , um dos investidores na SAF do tricolor pernambucano. Em entrevista à Band, ele defendeu uma diálogo com as torcidas organizadas, em vez de baní-las dos estádios.
“Não acho que tem que banir torcida de estádio. Tem que educar a torcida. Esse processo de educação envolve sentar na mesa para conversar. Não adianta só romper”, afirmou. Para Cadar, banir as torcidas não vai resolver o problema da violência no futebol: “Eu tenho uma utopia e uma missão de querer acabar com a violência no futebol. Quero conversar com as torcidas, entender qual é o problema e qual a demanda”, disse.
Também esta semana a diretoria do clube fez um pedido de mediação extrajudicial para o Santa iniciar os pagamentos aos credores, mas interligados com as despesas correntes do clube. Só a folha salarial atual do futebol gira em torno de R$ 600 mil, mas deve quase triplicar para a Série D, em torno de R$ 1,5 milhão. Ou seja, bons jogadores virão reforçar a equipe, com o apoio dos investidores da SAF.
Tamanho investimento exigirá do clube uma resposta financeira à altura para viabilizar a nova SAF e manter uma equipe de jogadores altamente competitiva que permita ao Santa Cruz voltar a participar de todos os torneios regionais e nacionais – para este ano, o tricolor, além do Campeonato Pernambucano, disputará somente a Série D do Campeonato Brasileiro. Para isso, será preciso manter um olho na qualidade do elenco e outro na geração de receitas.
Atualmente, além da renda de bilheteria com que contribui sua imensa torcida – nenhuma das partidas que o Santa Cruz disputou nesse mês e meio de 2025 registrou menos de 20 mil ingressos vendidos – o clube conta com o apoio de três patrocinadores: um fabricante de tintas, a Iquine; um distribuidor de combustíveis, a Dislube, e um site de apostas, o Bet dá Sorte. São contratos ainda modestos, mas diante das possibilidades de crescimento do Santa Cruz no cenário futebolístico, com o retorno aos tempos de glória, novos patrocinadores, especialmente do setor financeiro, estão de olho para colocar sua marca na camisa tricolor.
A diretoria não comenta, mas corre à boca pequena que um a instituição financeira de porte nacional que já patrocina grandes clube do centro-sul do país estaria interessada em se transformar no patrocinador master – aquele que ocupa a frente da camisa – do Santa Cruz, que ainda poderia manter os atuais em outras partes do uniforme. Há ainda a possibilidade de o patrocínio ser feito para cada torneio ou campeonato que o clube venha disputar.