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Acordo de delação

Gilmar dispara farpas em Janot, um sujeito ‘mau caráter’

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Rafael Moraes Moura, Breno Pires, Carla Araújo e Beatriz Bulla

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta quarta-feira, 20, que o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot é um “indivíduo sem nenhum caráter”, ao criticar a atuação de Janot no acordo de colaboração premiada de executivos do grupo J&F.

Gilmar votou a favor do pedido da defesa de Temer para que a denúncia apresentada contra o presidente pelos crimes de organização criminosa e obstrução de Justiça não seja enviada à Câmara dos Deputados, até a conclusão das investigações sobre os indícios de irregularidade envolvendo delatores do grupo J&F.

O ministro também votou para que a denúncia seja devolvida à PGR, por mencionar fatos que não dizem respeito ao mandato de Temer. “Registro que há elementos levando a crer que outros membros do Ministério Público, que estão atualmente envolvidos nesta investigação, tinham conhecimento das investigações paralelas e gravações clandestinas. Dentre eles, o signatário da denúncia, o então Procurador-Geral da República Rodrigo Janot Monteiro de Barros. É patente a postura do ex-Procurador-Geral da República, contrária à apuração transparente dessa circunstância relevante”, disse Gilmar Mendes.

O ministro também atacou a atuação do ex-procurador da República Marcello Miller no acordo de colaboração premiada do grupo J&F. Miller é acusado de ter ajudado a J&F, mesmo antes de se desligar oficialmente da Procuradoria-Geral da República. “Certamente, nós vivemos momentos dos mais diversos. Eu sou da turma de 84 da Procuradoria da República, certamente já ouvimos falar de procuradores preguiçosos, violentos, alcoólatras, mas não de procuradores ladrões”, atacou Gilmar Mendes.

“É disso que se cuida aqui, corruptos num processo de investigação. Essa pecha a procuradoria não merecia”, completou o ministro. “Fico a imaginar o constrangimento que hoje cai sobre a PGR em relação a este episódio, a esse grande e valente procurador da República, que usava métodos policialescos para fazer a investigação.”

Outro lado

Procurada pela reportagem, a assessoria de Miller reiterou que “jamais fez jogo duplo”, “que não tinha contato” com Janot e “nem se aproveitou de informações sigilosas de que teve conhecimento enquanto procurador”. A nota também diz que Miller “não atuou na Operação Lava Jato desde outubro de 2016” e “tem uma carreira de quase 20 anos de total retidão e compromisso com o interesse público e as instituições nas quais trabalhou”. A assessoria da PGR informou que Janot não se manifestaria sobre as críticas de Gilmar Mendes.

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