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Gilmar manda PF investigar áudio de propina para ele

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, determinou à Polícia Federal que investigue a origem de um áudio em que ele é acusado de receber ‘uma mala’ para mandar soltar o ex-governador do Rio, Anthony Garotinho.

A gravação, divulgada com exclusividade por Notibras (leia aqui) é atribuída ao juiz Glaucenir Silva de Oliveira, de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. No áudio o magistrado insinua que ‘malas de dinheiro’ estão sendo usadas para livrar corruptos da cadeia.

Sobre o assunto, o STF divulgou a seguinte nota, na noite deste sábado, 23:

“O ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Gilmar Mendes, solicitou providências ao Corregedor Nacional de Justiça, ministro João Otávio Noronha a instauração de inquérito ao diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segóvia, sobre o áudio que circulou hoje (sábado, 23) nas redes sociais no qual são feitas graves acusações caluniosas à sua pessoa e às recentes decisões tomadas por ele. Também foram comunicados o presidente e o corregedor do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O ministro Gilmar reitera que suas decisões são pautadas pelo respeito às leis e à Constituição Federal.”

No áudio, supostamente gravado pelo juiz eleitoral Glaucenir Oliveira, da Vara de Campos dos Goytacazes, que mandou prender Anthony Garotinho pela primeira vez, é mencionada “mala grande” ao ministro Gilmar Mendes, que determinou a soltura do ex-governador.

O autor do áudio afirma ter conversado com o juiz da 100ª Vara de Campos dos Goytacazes a respeito da soltura de Rosinha Garotinho.

“Ele ontem me ligou, trocou uma ideia comigo, com a soltura do Garotinho e decidiu perguntar ao Gilmar Mendes mediante ofício muito respeitoso, por sinal, se podia estender as medidas cautelares diversas da prisão não só ao Garotinho mas também aos outros envolvidos no processo, tendo em vista que um dia anterior ao que o Gilmar soltou o Garotinho, o Dias Toffoli proferiu uma decisão em relação ao outro réu, que é o Fabiano Alonso, e soltou ele também e decretou essas medidas alternativas. E a Rosinha, como vocês sabem, já estava com medidas alternativas, prisão domiciliar e com a pulseira da tornozeleira eletrônica. Pois o assessor do ministro Gilmar Mendes ligou para o colega hoje, à tarde, e disse que o Gilmar Mendes determinou que nenhum dos réus vai ficar com medidas cautelares”.

Ele faz acusações ao ministro. “E eu não quero aqui ser leviano, estou vendendo peixe conforme eu comprei, de comentários ouvidos aqui em Campos hoje, de pessoas inclusive do grupo do Bolinha, tá? E o que se fala aqui em Campos eu tenho acesso de pessoas que sabem que entendem porque estão no meio. Então, eu estou vendendo peixe conforme eu comprei, mas o que se cita aqui dentro do próprio grupo dele é que a quantia foi alta”.

O autor do áudio, supostamente Glaucenir, diz ter sugerido ao magistrado que peça suspeição. “Eu até falei para ele. Se fizer isso faça numa linguagem técnica mas mostrando por A mais B a razão da sua insatisfação e porque você não tem mais trabalhar no processo, porque quem sabe ler, o pingo é letra, né? Vai entender a sujeirada que o Gilmar Mendes está fazendo”.

E volta a falar em propinas:

“A gente leva pedrada, tiro, enquanto o grande general desse poder judiciário que é ele agora, parece que é o dono do poder, mela o trabalho sério que a gente faz, com sarcasmo, falta de vergonha, e segundo os comentários que ouvi hoje, comentários sérios de gente lá de dentro, é que a mala foi grande”, afirma.

Glaucenir Oliveira foi o magistrado que mandou prender Anthony Garotinho duas vezes. A primeira, no âmbito da Operação Chequinho, que investiga o uso do programa Cheque Cidadão, do município de Campos, para obter apoio eleitoral. Na segunda vez, o magistrado deflagrou a Operação Caixa D’Água, contra supostas propinas de R$ 3 milhões da JBS ao ex-governador do Rio. De acordo com a denúncia, a suposta organização criminosa chefiada por Garotinho tinha até mesmo a participação de um segurança usado para ameaçar e extorquir empresários.

A prisão foi revogada pelo presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, na última quarta-feira, 20.

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