Um buraco, duas traves e um apito transformaram aquilo que poderia ser uma vitória confortável do São Paulo em uma vitória sofrida, que quase complicou o clube na Copa Libertadores. Na noite desta quarta-feira, no Morumbi, o time treinado por Muricy Ramalho venceu o San Lorenzo (ARG) por 1 a 0 em jogo que contou com lesão precoce de Alexandre Pato, duas bolas são-paulinas na trave e um gol mal anulado de Centurión.
Com um minuto de jogo, o São Paulo conheceu os problemas que teria nos próximos 89. Mas uma fração de segundo antes disso, o sentimento foi totalmente oposto. No primeiro lance da partida, logo após o pontapé inicial, Alexandre Pato avançou pela direita após trocar passes com Luis Fabiano, cruzou para a área e viu Michel Bastos aparecer por trás dos zagueiros para cabecear na trave. Enquanto o Morumbi e o São Paulo explodiram em susto otimista, o mesmo Pato que cruzou a bola se abaixou e levou a mão ao tornozelo direito. Seria o início do fim de sua participação no jogo.
Criou-se, então, um problema para Muricy. Pato ainda estava em campo, mas com dois minutos de jogo já era praticamente certo que ele teria de sair. O problema é que a saída de Pato era a única, entre 11 possíveis, que obrigaria o treinador a mexer no posicionamento de todos os outros atletas do setor ofensivo: Paulo Henrique Ganso começou o jogo como meia direita, Michel Bastos como meia esquerda, Pato como segundo atacante e Luis Fabiano como centroavante.
Pato, ainda em campo, trocou de posição com Luis Fabiano. Virou centroavante e colocou o camisa 9 fora da área, como segundo atacante. Apesar da dor, ainda tinha alguma esperança em permanecer na partida.
Surpreendentemente o São Paulo funcionou bem assim durante 10 minutos. Luis Fabiano mostrou empenho inigualável como segundo atacante e brigou por todas as bolas que viu por perto. Ganhou quase todas, e criou jogadas para o São Paulo. Mas Pato não aguentou.
O argentino Ricardo Centurión entrou em campo e o time teve de girar: Ganso foi da direita para o centro, Michel foi da esquerda para a direita e Centurión entrou na esquerda. O São Paulo durou mais cerca de 10 minutos com domínio da partida, passou a cometer erros e perdeu o domínio de jogo.
O San Lorenzo, fechado, passou a se soltar e a trocar passes mais curtos, ganhando a posse de bola. Em um cabeceio, levou susto. Em cobrança de escanteio, colocou uma bola na trave de Rogério Ceni. A partir de então e até o intervalo o São Paulo se encolheria.
Depois do intervalo o time de Muricy Ramalho voltou com mais intensidade. Em cobrança de escanteio, Luis Fabiano acertou a trave para o São Paulo outra vez. Gol que parecia se construir, e que sairia logo depois. O mesmo Luis Fabiano apareceu bem pelo lado direito da área, recebeu de Michel Bastos e deu para que Centurión abrisse o placar. A arbitragem, no entanto, não viu assim. Assinalou impedimento do argentino, de forma equivocada.
O time argentino cresceu na partida a partir da segunda metade do segundo tempo. O São Paulo passou a deixar espaços enquanto avançava e permitiu que o San Lorenzo chegasse ao gol de Rogério Ceni.
No fim da partida, Muricy mexeu pela última vez: tirou Paulo Henrique Ganso e colocou o jovem Gabriel Boschilia. Os pouco mais de 26 mil torcedores presentes no estádio vaiaram intensamente o camisa 10.
A jogada que decidiria o jogo aconteceu a um minuto do fim: Carlinhos cruzou e Michel Bastos, pela direita, se esticou e cabeceou para mandar para as redes.