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Gondim chega para a Saúde, mas pode voltar com KPC para o reggae

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Seis meses podem representar um tempo muito longo para que o Governo do Distrito Federal anuncie soluções para as mazelas que carcomem a sociedade. E um tempo muito curto para que secretários e gestores encontrem essas soluções, quando os cofres, segundo o próprio GDF, estão vazios. O professor e médico João Batista de Sousa, contaminado pela superbactéria KPC, sucumbiu e deixa a Secretaria de Saúde do Distrito Federal no seu pior estado desde a inauguração de Brasília.

Mais uma vez a opinião de respeitados observadores está certa: acadêmicos sem experiência executiva não suportam a pressão quando ocupam cargos públicos. Dirigir o Hospital Universitário não chega a ser uma boa recomendação. Em sua primeira entrevista, João Batista já revelava um perfil incompatível com a área pública mais contaminada de todo o Brasil. Com respostas hesitantes e visível insegurança, não foi capaz de conquistar seus entrevistadores. Nem a população.

Comandar a pasta representa conviver com déficit permanente, feudos profissionais impenetráveis, fornecedores oportunistas e liminares constantes. Só a vaidade pode justificar um cidadão em seu perfeito juízo aceitar tal missão. Ou a desinformação. Ou outros desejos.

Agora Rollemberg anuncia mais uma novidade para seu governo. Se o Maranhão não for uma universidade – que adotou o método Sarney por décadas -, então devemos reconhecer que o governador do DF mudou mesmo seus critérios para nomear secretários.

Fábio Gondim, afilhado do clã Sarney no próspero Maranhão, Estado detentor do pior IDH do Brasil, teve a sua gestão e previdência comandadas por Gondim na era da combalida dinda Roseana Sarney. Mas se a credencial de Gondim não for apenas essa, podemos somar a sua expertise em orçamento legislativo, que não chega a ser exclusivamente acadêmico, mas pode imprimir um outro ritmo, mais breve, às urgências da Saúde.

Outra curiosidade é o novo secretário ter sido candidato a um cargo de deputado federal pelo Maranhão nas últimas eleições. Não venceu, mas Rodrigo Rollemberg certamente acredita que é mais um predicado do seu subordinado que, além de corajoso, milita no admirado e respeitado Partido dos Trabalhadores.

As escolhas do governador têm surpreendido. Só não têm trazido resultado algum. Três setores vitais do Buriti perderam seus chefes em apenas seis meses. E a tendência será a de que essa frenética troca de nomes continue.

Rollemberg deve ter percorrido o Maranhão para avaliar o resultado do trabalho de seu novo pupilo. Aqui ele vai enfrentar um dos sindicatos de médicos mais poderosos do país. Empresas fornecedoras fundidas no sistema desde a época de Jofran Frejat. Juízes e promotores que têm sangue nos olhos quando o assunto é saúde pública. Uma infraestrutura que não atende apenas o Distrito Federal, mas uma dezena de outros Estados que não instalam hospitais e preferem comprar ambulâncias para despejar aqui seus doentes.

Mas Fábio Gondim, abençoado pelas mãos de Sarney e Dilma, quase deputado federal pelo PT do Maranhão, foi escolhido a dedo.

Boa parte da população desconhece que na troca de comando existe um período de transição de um governo para outro. O governador eleito tem entre 90 e 60 dias para fazer levantamentos, planejar sua gestão, escolher nomes pelo critério da experiência executiva, determinar prioridades. Esse período aparentemente não existiu entre Agnelo e Rodrigo. E o resultado está aparecendo muito cedo, com sinais de que tudo pode piorar muito mais.

Melhor nomear alguém para a pasta da sensibilidade. O eleitor não entende porque a saúde está na emergência e agora será comandada pelo benfeitor maranhense Sarney, ops, Gondim, enquanto são anunciadas obras de complexos viários e viadutos milionários.

Alguém próximo a Rollemberg deve auxiliá-lo a prestar contas e divulgar obras com mais habilidade. Sobre a Saúde, serão mais seis meses para que o experiente novo gestor Fábio entenda, uma vez que não é médico, os mistérios da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Depois disso, ele poderá decidir se fica ou se vai de volta para o reggae de São Luis. Se ele suportar a pressão dos mais de cinco mil médicos sindicalizados em Brasília, então estará imune a KPC.

Técnicos em comunicação institucional recomendam que o governador e seu novo secretário percorram os hospitais exibindo aos pacientes um vídeo sobre as condições de vida da população maranhense. Pode sensibilizar… Afinal, tudo pode ser pior. Gondim que o diga.

Kleber Ferriche

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