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Gonet e nove do Supremo estão prontos para pegar Bolsonaro

É do jogo político criticar uma decisão do governo a que se opõe. É do jogo da verborragia e da Justiça o direito de responder no mesmo tom ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o filho 03, que rotulou de “jumentos” os brasileiros que votaram em Luiz Inácio na eleição passada. Sou apartidário, mas, com todo respeito aos animais, votei contra a família que pensa e age como cavalos, toupeiras, burros e antas que ainda hoje acha que governou o Brasil. Nem os camelos e os paquidermes que seguiam (e seguem o clã) pensam dessa forma. Seguiam por causa das benesses e dos interesses comuns. Por isso, os “jumentos” venceram e aguardam pelo coice final: a prisão do terrivelmente honesto ex-presidente, produtor da pequena fauna que entende ser dona do país e da vontade do povo.

Para azar do clã, o ano de 2023 está terminando exatamente como começou: com amor e esperança em dias melhores. A maioria do povo acordou em 1º de janeiro certa de que não valia a pena temer o que já havia acontecido. O tempo do medo terminara. O futuro parecia promissor. Pelo menos 60,3 milhões de brasileiros despertaram com absoluta confiança na tese de William Shakespeare, para quem “enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança”. Graças ao desejo de mudança do povo, foi eleito um louco sem loucura e, ao mesmo tempo, um poeta periférico com disposição para fazer de nossa esperança sua maior inspiração.

Apesar das pedras jogadas no caminho dos que lutaram pela sua consolidação, a democracia perenizou bem antes do previsto. A roubalheira que parecia endêmica cessou, a economia quase falida se reergueu, o volume de empregos cresceu, o fogo que teimava em queimar nossas florestas não mais ardeu, a promiscuidade da política arrefeceu, o golpismo perdeu, o ministro Alexandre de Moraes venceu, o ânimo da patriotada esmoreceu, o bolsonarismo se…lascou, o mundo ao Brasil de novo se rendeu, Flávio Dino apareceu e, para desencanto dos secadores de plantão, o país voltou a ser meu e seu.

Contra todas as pragas dos doentios seguidores do conservadorismo de ocasião, os denominados comunas deram a volta por cima e mostraram aos falsos profetas que governar é pensar na coletividade e não apenas na família e no próprio bolso. Por isso, reitero que 2023 não poderia acabar de maneira melhor para os “jumentos” que sempre apostaram que a luz no fim do túnel estava próxima. Ela chegou e não há hipótese de se apagar. A manada de tiranos, homofóbicos, racistas, arrogantes, soberbos, pretensiosos, intimidadores, xenófobos e misóginos passará, mas o desejo permanente de liberdade jamais se esgotará.

A exemplo do mundo ao alcance de todos, o Brasil de hoje pertence aos otimistas. Os pessimistas usados para propagandas de badernas são meros espectadores da virtuosa vitória da esperança. A quase tragédia se transformou em um palco iluminado. É o ressurgimento de Pompeia. Na retrospectiva do poder, quem se achava pavão atualmente mais parece uma pomba rola. Talvez uma rola despombalizada. Em breve, o que lembrava apenas expectativa será realidade. A Polícia Federal trabalha para concluir no início de 2024 os inquéritos das fake news e das milícias digitais, mirando os núcleos político e econômico do cambaleante bolsonarismo.

A senha para a conclusão dos trabalhos foi a ascensão de Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República. Sem a sombra do bajulador-geral Augusto Aras, as mentiras, o fracassado golpe, o comércio ilegal de joias e os certificados falsos de vacinação, entre outros delitos, virarão crimes imperfeitos. Conforme as investigações da PF, há indícios suficientes para indiciar o ex-mito. Enfim, está chegando a hora H do dia D, o momento em que todos os pingos serão colocados nos devidos is. A caneta Bic agora está nas mãos dos membros do Supremo Tribunal Federal.

Vale lembrar que boa parte dos bois de piranha do 8 de janeiro já foi sentenciada a penas que chegam a 17 anos de detenção. Por isso, no item Jair Bolsonaro restam poucas alternativas aos homens de capas pretas. Considerando o significado de basculho, gíria famosa entre os nordestinos, o que vem abaixo do lixo nem a vassoura alcança, pois não serve para nada. É como o poema Quase, da catarinense Sarah Westphal: “Quem quase morreu ainda está vivo, mas quem quase vive já morreu”. Que os cavalos entendam como quiserem. A escolha dos “jumentos” é definitiva.

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