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Viva o gordo

Gordofobia do mito vira pedra no sapato dos aliados

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Mathuzalém Júnior* - Foto Lula Marques

Em uma de suas dezenas, centenas de manifestações preconceituosas, proscritas, embora ainda difusas, e abusivas, Jair Messias, também conhecido como ex-presidente do caos, se referiu ao então governador do Maranhão, Flávio Dino, com deboche à condição física do seu, à época, principal oponente. Na oportunidade, mais precisamente em janeiro de 2022, o imbrochável fujão foi além ao afirmar que tal porte é uma característica comum aos chefes de regiões comunistas, entre eles os gordinhos da Coreia do Norte e da Venezuela. Por conveniência ou medo de assumir sua insignificância, o gordofóbico e agora câncer de Rita Lee só não lembrou que os três citados têm mais inteligência.

Tanta que jamais precisaram comer farofa com frango em ruas de periferia para que seus simpatizantes o reverenciassem. Nenhuma novidade para quem se disse, sem provas, atleta em sua meteórica passagem pela botina militar. Dizem os mais íntimos que nem de alcova. Um ano e meses depois da grosseria, Flávio Dino continua rechonchudo e cada vez mais inteligente. Por ironia do destino, o gordinho mais amado do Brasil na atualidade também é o mais odiado pelos bolsonaristas que teimam em sair do armário. Que o digam a dúzia e meia de deputados, senadores e prochenetas que, em forma de curríola, semanalmente se unem em uma comissão do Congresso para tentar macular a honra, a imagem ou a vida pública de Flávio Dino.

Tentam, tentam, tentam, mas o máximo que conseguem é consagrar cada vez o senador, ora dando show como ministro da Justiça de Luiz Inácio. Falta do que fazer dos consagradores? Claro que não. Falta do que dizer e, o que é pior, falta de conhecimento e de inteligência para debater questões às quais nunca foram apresentados. Ex-juiz federal, Dino calou um ex-colega de tribunais ao lembrá-lo de que, como magistrado, não teve sentenças anuladas, tampouco fizera “conluio com o Ministério Público”. Vingador sem a necessidade de uniformes idiotizados, o ministro realmente é mais valoroso do que os falseadores da Swat. Desinteligentes, mas com algum raciocínio lógico, alguns de seus detratotes começam a vê-lo como um político que, além de não ser fácil, é difícil.

Como a história do elefante, se um cidadão inteligente incomoda muita gente, imagina um gordinho superinteligente. É o caso de Flávio Dino. O ringue armado semanalmente para supostamente o ministro apanhar tem se transformado em uma vila mimosa sem as meninas. Com sua eloquência inalcançável, Dino parece um rufião cobrando dos crupiês bravateiros a féria do dia. Pouco chegados à coisa séria, os parlamentares eleitos pelo eleitorado que defende o terrorismo, o vandalismo e o ódio não conseguem sair da mesmice. Diária, semanal e mensalmente atuam como “escada” para a perspicácia e a oratória acima da média dos ministros de Lula, os quais são hoje mais do que pedras nos sapatos dos bolsonaristas.

Flávio Dino e Silvio Almeida, titular do Ministério de Direitos Humanos e Cidadania, já perderam a conta das vezes em que levaram os representantes da pífia, amadora e rocambolesca bancada do mito à lona. Não à toa, ambos vêm encantando Luiz Inácio, as redes sociais e os deputados e senadores que ainda se preocupam com a imagem do Congresso Nacional. O vexame já ultrapassou fronteiras. Com respostas claras e objetivas para quaisquer questionamentos, a atuação de Flávio dentro e fora do governo é a prova de que o gordo inteligente é eterno. Refiro-me a Jô Soares, que, mesmo aos 84 anos, morreu prematuramente. Estou certo de que o ministro da Justiça não tem vocação artística. Entretanto, inegável é que ele está dominando a cena política nacional.

Apesar do físico ligeiramente avantajado, no rádio, sites, jornais e no brinquedinho chamado televisão, ele nada de braçada. Dá nó em pingo d’água, fala o que o povo quer ouvir e não está nem aí para a oposição da Escolinha do Professor Messias. Enquanto isso, os órfãos do imbrochável mito do Cerrado atiram no pé e lamentam o enorme sentimento abrigado e alimentado na alma de gente pequena: a incapacidade. No anedotário popular, lembram os traídos do tipo caixa de som: só fazem barulho. Quando sei que Flávio Dino é convocado para nova contenda no Congresso, ligo a TV só para assistir de camarote o que já sabia: a inteligência vence a soberba, pois simplifica o que é complexo. Já a ignorância complica o que é simples. E Viva o Gordo!

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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