Em um momento em que o país vive assoreado por bancos de areias de movediças mentiras, nunca é demais tentar plantar um pouco de verdade aqui e acolá, principalmente acolá, onde as inverdades que pululam dentro e fora do governo são recebidas como bilhete premiado. E não adianta insistir, pois nada pior para um fanático desinteligente do que um suposto louco inteligente tentando impor histórias verossímeis que ele (o fanático) sequer ouvirá. É o caso dos nossos semelhantes que ora ajudam o tenente Jair Messias a ostentar o poder político supremo. Considerando a máxima de que não há mal que nunca se acaba, oxalá estejamos próximos do grande objetivo de pelo menos dois terços do eleitorado nacional: um novo presidente em 2023.
Apenas como detalhe, nada contra o atual, pois, de acordo com as respostas de meus contatos do além, ele jamais existiu. Então, deixemos o cidadão em questão pra lá. O fato relevante dessa narrativa são as mentiras. Por exemplo, qualquer menino de quinta série em recuperação sabe que a política de preços da Petrobras é definida pela União, acionista majoritária da estatal. Os do maternal B e C recebem desde o ventre a informação de que aumento de combustível gera uma série de reajustes indesejados, com a consequente escalada da inflação. Portanto, ao contrário do que respiram e expiram os bolsonaristas fanfarrões, não são os governadores os culpados pela disparada dos valores na bomba, tampouco pela espiral inflacionária que assola o país.
Dito isto, é de causar inveja aos verdadeiramente loucos a verborragia de parlamentares e simpatizantes das causas tenentistas a respeito da nova norma que impõe mudanças nas regras de incidência do ICMS sobre combustíveis. Parece aquela divisão denominada partilha “Caracu”. A lei 194 considera combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo como bens essenciais, podendo, dessa forma, serem limitados ao teto do ICMS. Os estados terão de zerar o imposto sobre diesel e gás de cozinha, cabendo à União reduzir o ICMS e zerar tributos federais que incidam sobre gasolina e etanol. O problema será lá na frente, quando a União informar que não ressarcirá estados e o DF pelas perdas decorrentes da redução do ICMS sobre etanol e gasolina.
Como afirmam alguns dos 11 governadores que já buscaram os tribunais contra a medida, é a tal da caridade com chapéu alheio. A solução mágica do governo é tentar minimizar a perda de votos depois do estouro da inflação. Portanto, fica fácil saber quem fica com a segunda sílaba da tal partilha “Caracu”. Os vestibulandos do intensivo de ilusionismo já descobriram onde esse truque mandrake do governo explodirá: no colo dos estados e municípios. Pior de tudo é que essas regras serão mantidas somente até 31 de dezembro deste ano, isto é, nada após a eleição do novo presidente da República. O eleito que se vire. Me preocupo, porque dificilmente o veneno será experimentado pelo aprendiz de feiticeiro.
E onde ele estará? Melhor não cravar agora. Pode assustar. Mesmo para leigos como eu, está claro que a medida, além de eleitoreira e ineficaz, deixará ainda mais cicatrizes para futuras administrações, pois obviamente os preços dos combustíveis continuarão a variar, devido ao valor do dólar e do preço do barril de petróleo no mercado internacional. A palavra está com o Supremo Tribunal Federal, sempre o Supremo, o mesmo Supremo que diariamente é acusado de não deixar Jair Bolsonaro trabalhar. Pois que trabalhe, mas faça a coisa certa. Buscar bodes expiatórios para uma política econômica equivocada é muito mais do que covardia. É não ter respeito, consideração e carinho pelo povo que sofre, morre, mas teima em acreditar na mentirada .
Paralelamente à PEC dos Combustíveis, governo e aliados da undécima hora discutem aumentar o Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 e buscam garantir um vale-diesel de mil reais mensais para caminhoneiros. Como o slogan daquele outro presidente, tudo pelo social. O tempo passa, o tempo voa e a turma do mito continua achando que está numa boa. Para um governo sem luz própria, que se diz absoluto e que, por meio de cartilhas internas, alardeia que viraria a década no poder, parece que a iminente derrota se transformou em desespero. Por que te desesperas? Do que tens medo? A fé amolada cegou a faca? O favoritismo era só para o cercadinho ver? Se tudo isso, o trem tá feio. Se cuida, porque atrás vem gente.