Em 2014 os gastos sigilosos feitos com cartões corporativos utilizados pela Presidência da República atingiram a maior cifra desde 2002, segundo dados disponíveis no Portal da Transparência do Governo Federal. Neste ano, até 25 de novembro (dados disponíveis), os gastos secretos feitos por órgãos e secretarias diretamente vinculados à presidência somaram R$ 20,6 milhões, cifra 14,6% maior que o registrado em 2010, ano que atingiu o pico de despesas secretas até então.
O total de gastos dos 16 órgãos e secretarias vinculados à Presidência da República com cartões corporativos em 2014 foi de pouco mais de R$ 21,2 milhões. Entretanto apenas 2,98% foi detalhado na internet, o restante foi categorizado como sigiloso: “informações protegidas por sigilo, nos termos da legislação, para garantia da segurança da sociedade e do Estado”. Essa é a justificativa para 97,2% do que foi gasto não ter sido divulgado.
Cerca de 50% desse valor é de responsabilidade da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que gastou pouco mais de R$ 10,5 milhões com cartão corporativo do governo federal, sem qualquer detalhamento nos sistemas públicos de transparência. As despesas da agência estão dentro do guarda chuva da Presidência da República.
Depois da Abin, quem mais gastou de forma sigilosa foi a Secretaria de Administração da Presidência da República, responsável pelo suporte administrativo da presidência, além de órgãos e secretarias vinculados, responsável por R$ 8,7 milhões gastos em caráter sigiloso. Apenas R$ 91 mil foram detalhados no Portal da Transparência em 2014.
Os gastos sigilosos representam um volume significativo de tudo que é pago com cartões corporativos. Em 2014, representou 53% dos R$ 65,2 milhões do total despendido pelo governo federal. A Presidência da República aparece em primeiro lugar na lista, com R$ 20,6 milhões, seguida pelo Ministério da Justiça (R$ 13,8 milhões), Ministério da Fazenda (R$ 206 mil) e Ministério da Defesa (R$ 19,5 mil).