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Balde de água fria

Governo Lula 3 joga parado sob o comando do Centrão e Faria Lima

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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Henrique Stédile - Foto Ricardo Stuckert

Mudam os reis, fica a corte. Por caminhos tortos, o legado de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco à frente do Congresso foi construir o clima de estabilidade institucional tão sonhado pelos legalistas. Afinal, a transição tranquila nas presidências da Câmara e do Senado mostra um raro momento de convívio democrático entre esquerda e direita. Tudo isso sob a mão de ferro do centrão, poder inconteste da República.

O recado dado pelos recém-eleitos Hugo Motta (Rep) na Câmara e Davi Alcolumbre (União) no Senado é o de que é preciso equilíbrio entre os poderes e respeito à autonomia de cada um. Que em resumo significa ?nas emendas ninguém toca?, e aproveitaram para lembrar que o STF também está devendo quando o assunto é transparência.

Nesse ponto, a situação pode se tornar ainda mais desfavorável para o governo, uma vez que o Congresso pretende vincular a destinação de recursos dos ministérios às orientações dadas pelas Comissões Legislativas temáticas. Mas a disputa ainda promete ter novos capítulos. Por outro lado, o clima de estabilidade no Congresso vai ao encontro da aposta de Lula em congelar o quadro político até as eleições de 2026, o que simplesmente confirmaria uma suposta vitória apontada nas pesquisas.

Além da promessa de moderação e diálogo com a base aliada, Hugo Motta fez acenos à política econômica de Haddad, ainda que algumas propostas do governo como redução de supersalários e aumento de impostos terão dificuldades para serem aprovadas. Já no Senado, a expectativa é que Alcolumbre pressione pela aprovação da exploração de Petróleo na foz do Amazonas, projeto que interessa à sua base regional, sofre resistências do Ibama e divide opiniões dentro do governo.

O que prova que a pauta ambiental não tem vez dentro do Congresso nem em ano de COP 30. Já do lado da oposição, o bolsonarismo se dividiu entre lançar a candidatura própria de Marcel van Hattem (Novo) à presidência da Câmara ou apoiar Hugo Motta. O resultado não significou derrota, já que a partilha das Comissões da Câmara e do Senado podem favorecer o clã Bolsonaro. E sem um nome competitivo para 2026, o bolsonarismo raiz aposta agora numa mudança da Lei da Ficha Limpa que reverta a inelegibilidade do chefe e mobilize sua base fiel.

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Lauro Allan Almeida Duvoisin e Miguel Henrique Stédile produzem o Boletim Ponto para o MST

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