Com a implantação das UPPs no município do Rio de Janeiro, visando criar um cinturão de segurança para a Copa do Mundo e as Olimpíadas, muitos criminosos das comunidades “pacificadas”, migraram para outros municípios da Região Metropolitana do Rio, como os da Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo, Maricá e Itaboraí, por exemplo, embora o governador Luiz Fernando Pezão e o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame neguem o fato e achem que os bandidos foram tirar férias.
Dados do Instituto de Segurança Pública (ISP) comprovam a sensação de insegurança em São Gonçalo, por exemplo. Mostram que entre 2012 e 2013 a violência aumentou. Subiram os números de casos de assaltos, roubos de carros e até de homicídios. Homicídio doloso, quando a pessoa assume a intenção ou o risco de matar aumentou mais de 30% e passou de 291 para 380 casos. Já o roubo de veículos passou de 2003 ocorrências para 2.737, um crescimento de quase 37%. O roubo a pedestres aumentou 19%: passou de 4.586 casos para 5.459.
Nas casas, grades e arames farpados. Na última segunda-feira, moradores dos bairros Arsenal e Tribobó promoveram passeata cobrando melhorias na segurança pública da região na Rodovia RJ 106, na altura do Arsenal. Uma das pistas no sentido Tribobó chegou a ser fechada. A manifestação contou ainda com a participação de moradores de Jardim República, Anaia, Jóquei e Arrastão.
No último dia 29, a Câmara de Vereadores de São Gonçalo promoveu audiência pública com delegados de Polícia Civil do município e o comandante geral da PM, coronel José Luís Castro Menezes, que anunciou que no final de setembro o 7º BPM (São Gonçalo) receberá reforço de 250 policiais no efetivo. Hoje, tem menos de 700. Para uma população com 1 milhão de habitantes.
O vereador Jorge Mariola (PDT) culpou o ex-governador Sérgio Cabral e o atual, Luiz Fernando Pezão, pelo aumento da violência no município e no estado. “Eles fecharam quase 150 escolas. Além disso, tiraram os policiais daqui para botar nas UPPs. Até o final da Copa ficaremos à mercê dos bandidos. Além disso, o reforço é insuficiente. A 75ª DP (Rio do Ouro) não tem computador e conta apenas com uma máquina de escrever Olivetti dos anos 1940 para registrar as ocorrências”, denunciou o pedetista.
Na audiência, o vereador Maciel (PTN), presidente da Comissão de Segurança da Casa, citou o baixo quantitativo de policiais militares no município e as dificuldades que os PMs encontram para realizar o seu serviço visto que São Gonçalo tem efetivo incrivelmente baixos, se tomados por base os previstos pela Organização das Nações Unidas (ONU), numa cidade com um milhão de habitantes e de elevada concentração de criminosos, que para cá vieram por conta das UPPs.
Houve também a queixa de que as delegacias estão deixando de registrar queixas em locais diferentes de suas localizações, o que o delegado Renato Chernicharo, diretor do Departamento Geral de Polícia do Interior, declarou ser ilegal. E ainda conclamou à população, quando se deparasse com um caso semelhante, que denunciasse, pela internet, no site da Secretaria de Segurança Pública.
Embora alguns vereadores achassem normal, vários se declararam decepcionados com o não comparecimento de Beltrame e Pezão ao evento, havendo ainda o comentário de que se esse encontro acontecesse em Niterói, como há poucos dias, a atenção dada e as providências tomadas seriam outras. O prefeito de São Gonçalo é Neilton Mulim, do PR, do deputado federal Anthony Garotinho, pré-candidato ao Governo do Estado e adversário de Cabral e Pezão. Já Niterói tem como prefeito Rodrigo Neves (PT), amigo pessoal de Pezão.
Esta semana, Beltrame prometeu expandir as UPPs pra outras cidades. A de São Gonçalo deverá ser instalada até o fim desse semestre E atenderá também a Niterói.
A PM informou que, neste ano, São Gonçalo recebeu duas companhias destacadas – uma no bairro do Jóquei e uma no Morro da Coruja – que significaram um reforço de mais de 220 policiais militares no município. Ainda de acordo com a PM, seis Destacamentos de Policiamento Ostensivos que estavam desativados foram reabertos, para tentar reduzir as estatísticas de crimes na região.