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Grana pornô deve melar a eleição do pornográfico Bozo americano

Primeiro presidente dos Estados Unidos declarado culpado em um processo criminal, Donald Trump é um inocente útil. Condenado por unanimidade em todas as 34 acusações, entre elas a de tentar se manter no poder ilegalmente após perder as eleições de 2020 para Joe Biden, Trump tem se defendido como sempre fez ao longo de sua gestão: atacando pessoas, instituições e decisões judiciais. A última versão de seu perfil catatônico e, às vezes, sórdido, indecente e obsceno, foi culpar o Judiciário do Estado de Nova York por sua justa condenação.

Além de demonizar o juiz do caso, Juan Merchan, ele insiste na tese de que o julgamento foi “manipulado, fraudado, injusto e enviesado”. Será que 12 jurados que nunca se viram se reuniriam para decidir contra um ex-presidente somente por diletantismo? Só na cabeça dele e daqueles que ameaçam, perseguem e juram de morte os adversários, mas adoram dizer que são perseguidos e ameaçados. Qualquer semelhança com o par brasileiro não é mera coincidência ou fake. É fato. Por enquanto, a diferença é que, mesmo condenado, Donald Trump está livre para concorrer às eleições presidenciais de novembro deste ano. O daqui, se tudo der certo, só em 2030.

Se eleito, ainda que seja preso, Trump poderá governar livremente. Coisas da lei da maior democracia do mundo. O único impedimento do ex-presidente será votar. Seu título é da Flórida, estado que proíbe condenados de votar até o cumprimento total da pena. Entre as várias hipóteses, o juiz Merchan pode optar pela mais rigorosa e condenar o ex-presidente a 4 anos de prisão. Como as 34 acusações se referem a crimes de Classe E, considerados leves em Nova York, provavelmente o magistrado optará por punições mais brandas, algo como liberdade condicional ou multa.

Seja qual for a decisão, o estrago na fantasia de homem sério e probo de Trump está feito. Republicanos ou democratas, conservadores ou liberais, os americanos não esquecerão tão cedo que, embora negue tudo, o condenado ocultou um pagamento de US$ 130 mil para comprar o silêncio da atriz pornô Stormy Daniels na eleição de 2016, quando derrotou Hillary Clinton. Ou seja, se há alguém que fraudou alguma coisa não foi Juan Merchan. Vale registrar que, no Brasil, até hoje o ministro Alexandre de Moraes é acusado de perseguir e fraudar julgamentos envolvendo o similar mais atarantado de Donald Trump.

Lá como cá, a ladainha e a alegação sem provas são as mesmas. Perderam porque não ganharam. Entretanto, não admitem derrotas, as quais, segundo eles, são sempre decorrentes de fraudes, isto é, os vencedores nunca são merecedores, jamais serão avaliados como mais capazes. Tanto são capacitados que ganharam lá em 2020 e cá em 2022, e devem repetir a dose em novembro próximo e em outubro de 2026. É esperar para ver. Eu não apostaria naqueles que apostam no caos como proposta eleitoral. Inicialmente porque o período de caos ficou para trás. Depois, porque ninguém mais quer viver em um país que o mundo vê com pária.

É interessante lembrar que os processos contra Trump não acabaram. Os mais cabeludos são a apropriação de documentos sigilosos da Casa Branca e a interferência no resultado da eleição perdida para Joe Biden em 2020. O mais grave ocorreu em janeiro de 2021, quando o ex-presidente incitou a invasão do prédio do Congresso para impedir a posse de Biden. No Brasil, o ex-presidente também tem uma dívida colossal com a Justiça. A tentativa de melar a eleição de 2022 foi mais violenta. A pretexto de golpear a democracia, incitou pedantes e tolos fantasiados de “patriotas” a depredar a sede dos Três Poderes. Assim como os fãs de Trump, deram com os burros n’água. O melhor é que, assim como o ídolo Trump, por falta de competência, o similar brasileiro vai competir, competir, competir e competir. Nada mais do que isso. O eleitor pune os obtusos e tacanhos.

*Mathuzalém Júnior é jornalista profissional desde 1978

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