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Guerra de palavras

Greve foi êxito, dizem Centrais; um fiasco, diz Planalto

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Marli Moreira e Marta Nobre

As duas maiores entidades sindicais do país – Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical – avaliam como exitosas as manifestações e paralisações de várias categorias de trabalhadores em todo o país em protesto contra as reformas trabalhista e da Previdência Social.

Em várias cidades do país, trabalhadores pararam atendendo à convocação de greve geral feita pelas centrais. Em alguns casos, houve bloqueio de vias e rodovias e confronto entre policiais e manifestantes.

Na avaliação do presidente da CUT, Vagner Freitas, a paralisação de hoje deve ser “a maior greve já realizada no país”. Freitas destacou a adesão aos protestos em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, Fortaleza, Curitiba e Brasília.

Para o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), os trabalhadores decidiriam se mobilizar porque há “propostas viáveis para que o país retome o seu crescimento econômico sem a perda de quaisquer direitos trabalhistas, previdenciários e sociais”. Em comunicado divulgado no fim da tarde, a Força estima que 40 milhões de trabalhadores pararam nesta sexta-feira.

Paulinho da Força, no entanto, reconheceu que a não adesão de categorias como aeronautas (pilotos e comissários) e aeroviários (trabalhadores dos aeroportos) reduziu o impacto da paralisação. Em São Paulo, tanto no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos, quanto no terminal de Congonhas, na zona sul da capital, a operação durante o dia foi normal.

Fracasso – Em Brasília, o ministro da Justiça Osmar Serraglio avaliou como “fracasso” a greve. Após conversa com outros colegas no Palácio do Planalto, ele disse que esta foi “uma constatação” feita depois de se observar que o movimento de rua foi restrito aos grandes centros e que a baixa adesão da população dá força às reformas.

“Eu avalio com otimismo. Nós tínhamos a expectativa de uma manifestação muito expressiva, e isso não aconteceu”, disse. Durante a conversa com a reportagem, Serraglio relatou que estava no interior do Paraná, onde disse que era “tudo absolutamente normal” -–uma demonstração de que o movimento não ganhou adeptos no interior do país.

De acordo com o ministro, as centrais sindicais usaram a estratégia de paralisar os serviços de transportes, o que impossibilitou muitos trabalhadores de comparecer ao trabalho. “Esta foi uma estratégia das centrais, o que demonstra que a greve não foi real”, disse Serraglio. Se fosse uma greve real, isso não seria necessário, porque não haveria demanda pelo transporte, as pessoas estariam paradas, acrescentou.

Para Serraglio, a baixa adesão da população dá força às reformas e provoca pressão no Congresso Nacional no sentido inverso ao pretendido pelos sindicalistas. Na opinião do ministro, se não houve um grande movimento, um sinal que a população passa é de apoio às reformas do governo. “A população está desejando que se arrume o país”, afirmou.

Segundo o ministro, a greve não faz críticas a pontos da reforma da Previdência ou da trabalhista, com os manifestantes mostrando-se contra a realização das reformas como um todo. “Não tem como pensar a solução para o país sem as reformas. As pessoas responsáveis sabem que [as reformas] são necessárias.”

Serraglio disse que está monitorando os atos que ainda ocorrem em todo o país e que o Ministério da Justiça está acompanhando tudo em conjunto com secretarias de Segurança Pública para tentar evitar situações de violência no fim dos atos.

Para ele, os confrontos entre manifestantes e policiais, a exemplo do que aconteceu no centro do Rio de Janeiro, traduzem uma tentativa de “criar um fato”. “São táticas de provocação. Quanto menos têm sucesso, mais provocam para criar um fato. Colocam 20 pessoas em confronto, alguém se vitimiza e vira notícia.”

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