Quatro jovens foram assaltados, espancados e ameaçados de morte, segundo eles, por serem homossexuais, dentro de um ônibus do BRT Transcarioca. Os momentos de terror foram vividos entre a Penha e Madureira, na madrugada de quinta-feira. As agressões teriam sido praticadas por pelo menos sete homens e se estendido até a plataforma da Estação de Madureira. O caso foi registrado ontem à tarde na 29ªDP (Madureira), que vai investigar os crimes de agressão, roubo e homofobia.
De acordo com o auxiliar administrativo Erick de Almeida, de 19 anos,ele e mais três amigos — o marítimo Gladson Fontes, 25, o estudante Lucas Nascimento, 20, e o menor X., 16 — embarcaram por volta de 1h30na Estação Penha 1 (Brás de Pina), com destino a uma festa LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) em Madureira. O grupo percebeu que nos últimos bancos do veículo havia pelo menos sete homens que demonstraram estar alterados,além de outros cinco passageiros.
“Procuramos nos sentar mais à frente do ônibus, mas os rapazes iniciaram um arrastão. Ao chegar perto de nós, ele começaram nos agredir fisicamente e a nos xingar”, contou Erick. “Os agressores passaram a se concentrar somente na gente e deixaram de lado os outros passageiros. Eles diziam: ‘Vocês são gays né?
Vão apanhar, seus viadinhos’. Mandaram que eu e o meu amigo (o menor X) ficássemos de pé e passaram a apalpar nossas nádegas.Em seguida, levei um telefone (tapa simultâneo nos ouvidos) e me um amigo, tapões nas costas. O motorista via tudo pelo retrovisor, mas nada pôde fazer”, detalhou Lucas.
Humilhados e feridos, os jovens desceram antes de seu destino e trocaram de ônibus.“Mas, ao descermos na Estação de Madureira, os agressores estavam na plataforma. Fomos agredidos novamente, dessa vez com cabos de vassouras usados pelo pessoal da limpeza do BRT”, lamentou Erick.
Apenas um segurança
Segundo Erick de Almeida, para fugir da sessão de socos e pontapés dos ladrões, que aparentavam estar drogados e armados com facas na cintura, ele se trancou no banheiro da Estação de Madureira.
“Começaram, então, a forçar a porta e jogaram álcool no chão. Quando iam incendiar o local, ouviram a sirene da PM e fugiram. Foram momentos de muito pânico”, lembra Erick, ressaltando que só havia um segurança na estação. “Ele disse que nada podia fazer e que tinha apenas acionado a polícia. Tivemos que pedir dinheiro na rua para voltar para casa”, revelou. Um menor que estava entre os agressores foi apreendido, mas liberado por falta de provas.
A assessoria do Consórcio BRT informou que há mais de mil câmeras nas 105 estações e em todos os 300 ônibus. As imagens, porém, são monitoradas por “amostragens”. A empresa ficou de resgatar imagens
do período relatado pelas vítimas e encaminha-las à 29ª DP.