Grupo se reúne na Praça dos Três Poderes em defesa da adoção
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emAcompanhada das duas filhas adotivas, a bancária Lúcia Frattini Ramos se juntou a outras mães e filhos adotivos na tarde deste domingo 25, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, para celebrar o Dia Nacional da Adoção. A intenção de Lúcia e das cerca de 60 pessoas que participaram do evento é difundir informações sobre a adoção e despertar o interesse das pessoas para as cerca de 5,4 mil crianças e jovens aptos a serem adotados.
Dados do Cadastro Nacional de Adoção mostram que, das 5,4 mil crianças e jovens aptos para adoção, 4,3 mil (80%) estão na faixa etária acima de 9 anos.
Lúcia Frattini relata que o interesse pela adoção surgiu durante a infância e foi concretizado há nove anos. Foram três anos até chegar à primeira filha que, no momento da adoção, tinha 4 anos. “O primeiro ano é de adaptações. A criança que vive em uma instituição não tem noção de muitas coisas que uma criança que sempre viveu em uma família tem. É um processo de aprendizado mútuo”, conta. O segundo processo também demorou três anos e ela decidiu adotar uma menina de 7 anos. “Você precisa ter muita certeza do que quer para enfrentar os desafios”, avalia Lúcia, que é mãe solteira.
A organizadora do evento e presidenta da organização não governamental Aconchego, Soraya Pereira, realiza pelo segundo ano a mobilização na Praça dos Três Poderes. Ela defende que fazer com que as pessoas conheçam a realidade da adoção e da convivência familiar é importante para mudar a ideia de que filho só pode ser biológico. “Queremos chamar a atenção para essas crianças e adolescentes que são esquecidos e para esse contexto da convivência familiar e comunitária, e mostrar que a adoção, o apadrinhamento são formas de constituir família e vínculos”.
Para se habilitar à adoção é preciso ter idade mínima de 18 anos, independentemente do estado civil. Outra condição é que haja diferença de 16 anos entre quem deseja adotar e a criança a ser acolhida. O primeiro passo dos candidatos a pai e mãe é procurar a Vara de Infância e Juventude e lá buscar as informações sobre o que fazer e os documentos necessários.
Também no evento, Zita Leal estava com a filha adotiva de 13 anos que fez questão de comentar que quando foi adotada era muito pequena e agora já está mais alta que mãe. Quando resolveu realizar o sonho de ser mãe, Zita optou por não procurar apenas um bebê. A única condição é que fosse uma menina até 4 anos. “Um dia me ligaram da Vara da Infância e fui conhecê-la. Em um das visitas, ela me perguntou se eu era a mãe dela e eu questionei: você quer? Ela balançou a cabeça dizendo que sim. Hoje não sei como seria minha vida sem ela”, relata.
Zita se queixa da demora no processo, que durou quase três anos, mas encoraja as famílias a adotar, explicando que, no começo, a adaptação pode ser difícil para a criança que vem do abrigo porque tudo é novo e diferente da realidade que ela conhecia até então. Para os pais, o desafio é o mesmo de educar um filho biológico, diz ela.
Yara Aquino, ABr