Uma comissão de deputados distritais e alunos afastados da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) irá ao governador Agnelo Queiroz tentar sensibilizá-lo para garantir a matrícula de todos os 58 estudantes prejudicados por erros do Centro de Seleção e de Promoção de Eventos (Cespe/UnB). O grupo foi criado nesta quarta-feira (9), durante oitiva realizada pela Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa aos diretores da ESCS e do Cespe.
A ideia de buscar o convencimento do governador foi sugerida pela deputada Arlete Sampaio (PT), líder do governo na Casa, e acatada pelos participantes do encontro. Com muita revolta e emoção, os estudantes afastados cobraram o direito de continuarem estudando na faculdade distrital. “Em nome de uma boa causa eu posso ir até o governador”, anunciou a deputada Liliane Roriz (PRTB), presidenta da comissão e autora do requerimento da oitiva.
“Nós já estávamos aprendendo a amar a escola. Mas esse erro grotesco do Cespe está nos causando um sofrimento terrível. Por isso, nosso repúdio a essa conduta irresponsável da instituição, que está ferindo a nossa dignidade”, disse aos prantos a estudante de medicina Naiane Magalhães, representante dos 58 alunos que tiveram suas matrículas canceladas. A jovem enfatizou que o grupo não vai desistir de lutar por seus direitos e destacou que, assim como ela, muitos estudantes abandonaram cursos de medicina em outras boas faculdades do País para estudarem na ESCS.
O diretor-geral do Cespe leu um comunicado explicando tecnicamente o erro cometido pela instituição. E afirmou lamentar “profundamente” o prejuízo aos estudantes. Seu depoimento foi bastante contestado pelos participantes da oitiva. “O Cespe deveria ser banido para não prejudicar mais ninguém”, bradou da plateia a mãe de um aluno. Vários pais de estudantes anunciaram que vão buscar indenização por danos morais.
A diretora-geral da ESCS, Maria Dilma Teodoro, foi bastante pressionada para acatar os pedidos de matrícula de todos os alunos afastados. Ela respondeu, contudo, não ter autonomia administrativa e legal para tomar a decisão, argumentando que a ESCS teria muita dificuldade para abrigar todos os aprovados, em virtude das deficiências na infraestrutura da faculdade, vinculada à Secretaria de Saúde. “A orientação que recebi é que o problema seria resolvido na Justiça”, afirmou.
Mãe de uma das alunas prejudicadas, a psicóloga Maristela Fonseca ressaltou os danos decorrentes da situação que os jovens têm vivido e defendeu que todos os 58 estudantes que tiveram as matrículas canceladas sejam readmitidos imediatamente. Ela informou, ainda, que 18 alunos afastados já conseguiram liminares para continuarem matriculados.
O advogado Carlúcio Coelho, representante da OAB/DF, afirmou que a Secretaria de Saúde tem dinheiro para investir na melhoria da faculdade, garantindo a imediata recepção de todos os 58 estudantes afastados. Na mesma linha, universitários representantes dos centros acadêmicos manifestaram solidariedade à situação enfrentada pelos colegas, mas defenderam que a solução para a crise assegure condições adequadas de funcionamento daquela unidade de ensino, mantendo o bom nível da instituição.
Ao manifestar “apoio total” à reivindicação dos estudantes, o deputado Prof. Israel (PV) defendeu a necessidade de a Câmara Legislativa garantir recursos orçamentários para ampliar a capacidade de atendimento da ESCS. “Conheço bem o trabalho da ESCS e o compromisso de sua direção com a melhoria de ensino ao longo dos últimos anos. Sei que uma solução negociada será bem recebida por todos”, completou.
Zildenor Ferreira Dourado