Os novos ataques do presidente Jair Bolsonaro à China, de que Pequim criou o novo coronavírus como arma biológica para ser usada contra o Ocidente, já têm uma nova e grave consequência: o laboratório chinês Sinovac, que manda os insumos para o Butantan produzir a vacina Coronavac, começou a atrasar as remessas. Com isso, há um grande risco de desabastecimento do imunizante.
O presidente do Butantan, Dimas Covas, atribuiu o possível atraso à postura do governo Jair Bolsonaro em relação ao país asiático. Na quarta, 5, o presidente afirmou que o novo coronavírus, causador da Covid-19, fo criado como parte de uma “guerra bacteriológica”. Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em uma reunião que o coronavírus teria sido criado por chineses.
Nesta quinta, 6, Covas afirmou que o atraso na chegada do IFA não se deve a problemas na produção da Sinovac, que envia a matéria-prima ao Brasil para o Butantan envasar doses da vacina, mas à demora na autorização de envio pelo governo chinês. As declarações recentes contrárias à China vindas de autoridades do governo federal têm dificultado a liberação das remessas de IFA pelo governo chinês, advertiu.
“Embora a Embaixada da China no Brasil venha dizendo que não há esse tipo de problema, a nossa sensação, de quem está na ponta, é de que existe dificuldade. Uma burocracia que está sendo mais lenta que o habitual e autorizações com volumes cada vez mais reduzidos. Isso obviamente tem impacto, essas declarações têm impacto e nós ficamos à mercê dessa situação”, disse.
“Nós temos que entregar até o dia 14 o restante – que vai totalizar 5 milhões de doses – do IFA de 3 mil litros e, após isso, não temos mais matéria-prima para processar… Pode faltar? Pode faltar, e aí nós temos que debitar isso principalmente ao nosso governo federal, que tem remado contra.”