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No sambódromo

Ha, ha, ha!!! Sem a calcinha com o Itamar

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José Escarlate

Um caso que marcou a gestão de Itamar foi a ida ao sambódromo do Rio. Para alguns ministros, a ideia era péssima. Havia o risco de uma vaia estrepitosa e, pior, ter a sua imagem associada à dos bicheiros. O convite era da Liga das Escolas de Samba, dominada pela contravenção.

Henrique Hargreaves, da Casa Civil, Maurício Corrêa, da Justiça, Djalma Morais, das Comunicações, e até José Aparecido de Oliveira, embaixador em Portugal tentaram demovê-lo. Só Mauro Durante defendia o Carnaval presidencial. Dizia que seria bom para reforçar o estilo de homem simples, do povo. Itamar insistiu, e foi. No camarote, a bebida corria solta.

O entusiasmo de Itamar aflorou quando viu a destaque da Viradouro vestida de Princesa da Pérsia, no alto de um carro alegórico com os seios à mostra. Era Lilian Ramos, com seus 1,75 metro de altura, 96 centímetros de busto, 68 de cintura, 96 de quadris. Lilian, uma cearense que estava na flor dos seus 27 anos, segundo os filósofos da madrugada, ganhava a vida como modelo de segunda categoria, atriz de terceira e oportunista de primeira, ao ser fotografada sem calcinha ao lado do presidente.

“Ele me olhava sorrindo e acenava”, contou Lilian. “Achei Itamar charmoso e mandei um beijo para ele. O presidente retribuiu”. Deixando o carro alegórico Lilian Ramos trocou a fantasia por uma camiseta, justa e curta e uma meia-calça. Calcinha e sutiã, nem pensar. O segurança passou adiante o recado de que o deputado Valdemar da Costa Neto e a atriz queriam cumprimentá-lo.

O recado chegou a Mauro Durante que o repassou a Itamar. Sem pestanejar, o presidente autorizou a entrada. A moça de formas maximalistas e roupas minimalistas foi recebida por Itamar com beijos, abraços, afagos no rosto e carícias nos ombros. “Sou sua fã”, disparou Lilian. “Eu também sou seu fã, você estava linda na avenida”, retribuiu Itamar.

A cascata de carinhos não era diferente do seu modo de tratar outras mulheres naquela noite. Em dois minutos Itamar deu três beijos na apresentadora de televisão Marília Gabriela, recebeu outros tantos, pegou-lhe duas vezes no queixo, conversaram bem cara a cara e despediram-se com mais três beijos e um abraço. Também ganharam beijos Gal Costa, Beth Carvalho e Nana Caymmi, as atrizes Lucélia Santos, Betty Faria e Ana Maria Magalhães, as colunistas Danuza Leão e Joyce Pascowitch e as misses Alagoas e Juiz de Fora. Mas tudo isso com muito respeito,

O ambiente no camarote passou a preocupar. Maurício Corrêa estava bem alto. Comeu peixe ao molho de camarão só com uma faca. Abraçava José Aparecido pela cintura, desabando com ele sobre um sofá. Tornou-se inconveniente. Chegou a colocar um penacho verde e rosa da Mangueira na cabeça do presidente. Uísque na mão direita, com a esquerda afagava Lilian, a musa do presidente. “Meu erro foi ter misturado”, explicou mais tarde Maurício Corrêa. “Bebi cerveja antes e tomei uísque no camarote.”

Cansado e com a cabeça rodando ele se aproximou do presidente e, com voz pastosa, suplicou: “Vamos voltar para o hotel, Itamar”. Itamar mandou ele falar com Mauro Durante. Enfim, a comitiva presidencial seguiu de ônibus até o Hotel Glória, onde estava hospedada. No dia seguinte, na suíte do hotel, Itamar, Mauro Durante e José Aparecido foram assistir ao Jornal Nacional. Na televisão, apareceram primeiro as carícias no camarote. Depois, Lilian falando com Itamar pelo telefone, repetindo frases do presidente. O presidente ficou magoado. Não com Lilian Ramos, e sim, com a imprensa.

PV

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