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Cedo para comemorar.

Haddad vai bem na economia, mas ainda pisa em ovos

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Allan Almeida Duvoisin e Miguel Enrique Stédile/Via O Ponto - Foto Joédson Alves/ABr

A redução da taxa Selic é essencial para aumentar o crédito e o consumo, mas ela não é a única peça da estratégia econômica de Lula e Haddad. O tripé inclui ainda aumentar a arrecadação e retomar a industrialização. E, nestes casos, o desafio do ministro da Fazenda parece ser tão árduo quando dobrar Campos Neto. A medida provisória que regulamenta e taxa os sites de apostas esportivas pode trazer até 15 bilhões de reais por ano para o caixa da União, mas o alívio nas contas e o fôlego para investimentos devem mesmo ser obtidos com a segunda fase da reforma tributária.

Como o assunto aqui é taxação de renda e, principalmente, dos super ricos, a ideia não vai contar com o mesmo apoio do Centrão na primeira fase da reforma. A proposta de Haddad atingiria um pouco mais de 2 mil 500 pessoas, ou seja, 1% do contingente dos mais ricos, e só aí arrecadaria R$ 10 bilhões. Mesmo assim, encontrou resistência de Arthur Lira. Caso a reforma não ande ou a arrecadação seja menor, Haddad poderia ter oposição dentro do próprio partido, já que a alternativa seria diminuir investimentos.

Outro temor da esquerda é que a impossibilidade de aumentar a arrecadação leve o governo a transferir parte da responsabilidade do Estado para o mercado, ou seja, traga privatizações através das ‘parcerias’ público-privadas hoje concentradas no saneamento, mas avançando também em presídios privados, e outras áreas. E se tudo isso já não fosse suficiente para tirar a tranquilidade do ministro da Fazenda, as conclusões do novo censo demográfico apontam que mais cedo ou mais tarde vamos ter que conversar sobre uma reforma da previdência.

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