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Helicóptero no chão, jatinho arrastando asa, viaduto caindo. Dia ruim de Velloso

José Escarlate

Além da curiosidade natural, eram bastante incômodas as viagens presidenciais aos trechos da Transamazônica. Mas o sofrimento não era só dos jornalistas credenciados, mas de todo o pessoal de apoio, ligados aos setores de saúde, transporte e comunicação, sem contar que o cerimonial não tinha o que fazer. Tudo praticamente na base do improviso, com o monta-desmonta de grandes barracas de lona, do Exército, além de equipamentos.

Havia uma ordem corrente para a imprensa de não divulgar possíveis episódios sobre acidentes, antes de analisados por autoridades. E isso ocorria com muita frequência. O pior era o inferno das vacinas para todo o tipo de doença tropical, que éramos obrigados a tomar dias antes dessas viagens. Algumas, davam reação.

À noite sempre havia, na clareira, churrasco ao som do violão, mas sempre com ataques dos mosquitos O sistema de comunicações ainda engatinhava. A Agência Nacional preparava um link de onde, utilizando uma mesinha Shure, via Belém, enviávamos matéria por áudio para o Rio e Brasília. Durante toda a madrugada, as onças ronronavam, cavernosamente. Era assustador. Mas tinha coleguinhas que até roncavam.

Na inauguração de um dos trechos da estrada, houve um acidente de helicóptero envolvendo os ministros João Paulo dos Reis Velloso, do Planejamento, e Mário Andreazza, dos Transportes. Eles se encontravam na rurópolis Brasil Novo. O helicóptero decolou, subiu alguns metros, perdeu sustentação e desabou no meio da mata, encoberto pela poeira do barro vermelho.

Tentando fugir de uma possível explosão da aeronave, os dois ministros se jogaram ao chão, cada um correndo para um lado. No frigir dos ovos, o mais atingido pela queda foi Andreazza. Velloso, saiu ileso, mais branco do que já era. Voltaram a Santarém e, de lá, para Belém.

Reis Velloso tinha um compromisso no Rio, no mesmo dia. Pegou um táxi aéreo e, na chegada ao Santos Dumont, o jatinho bateu com a ponta da asa na pista, mas conseguiu se equilibrar. No caminho para casa – ele morava na Lagoa Rodrigo de Freitas -, já no seu carro oficial, Velloso conseguiu escapar de outra. Passou minutos antes pelo viaduto Paulo de Frontin, que momentos depois desabaria, matando e ferindo dezenas de pessoas.

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