A Royal Enfield planeja voos mais altos no Brasil com a chegada da Himalayan. A marca inglesa de controle indiano chegou ao País em 2017 com seus modelos clássicos e a proposta de “moto purismo”, uma maneira de vender a ideia dos seus produtos de montagem atual, mas estilo e tecnologia antiga.
Ela conseguiu conquistar um público com os modelos Bullet, Classic e Continental, que atendem essa filosofia, mas estava longe de boa parte dos motociclistas brasileiros até janeiro desse ano, quando lançou a Himalayan por R$ 18.990.
A trail de 400 cm³ com estilo raíz cativou o consumidor, tanto é que em dois meses foi emplacada 100 vezes. Ou seja, com a novidade, bateu o que vendia no acumulado de três motos, sendo que em sua maioria eram Classic.
De acordo com Claudio Giusti, diretor Geral da Royal Enfield Brasil, o sucesso aconteceu porque a Himalayan abriu as portas da marca para um público que queria a experiência da Royal Enfield – os passeios, o clube, as viagens em grupo -, mas também queria poder viajar distâncias maiores e a velocidades mais altas.
Com essa virada, a marca já planeja que a Himalayan passe a responder por entre 50% e 60% das vendas da Royal Enfield no Brasil, que por enquanto tem apenas duas concessionárias – São Paulo e Brasília. Para sustentar o crescimento, até o final do ano a marca irá inaugurar novos pontos em Campinas, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Curitiba, além de uma segunda loja na capital paulista.
“A atenção pela Himalayan foi maior do que a esperada. A resposta nos surpreendeu”, afirmou Giusti. Com a chegada das novas concessionárias, o que dará mais capilaridade à marca em outras praças do país, o executivo afirmou também que a companhia está preparada para atender a demanda.
Hoje a Royal Enfield Brasil trabalha apenas com produtos importados de sua fábrica em Chennai, na Índia. Porém, a nova planta tem capacidade para atender a demanda pela Himalayan no Brasil sem fila de espera, segundo Giusti.
Giusti também reforçou a chegada das bicilíndricas Continental GT e Interceptor 650 ao País durante o segundo semestre – mesmo período em que ocorre o Salão Duas Rodas. A informação já havia sido confirmada por Arun Gopal, diretor de negócios internacionais da Royal Enfield.
Apresentadas pela primeira vez durante o Salão de Milão (EICMA) 2017, Continental GT e Interceptor usam um inédito motor de 649 cm³ que rende 47 cv e 5,3 mkgf. Para manter parte da tradição, o motor manteve o arrefecimento a ar com um radiador de óleo.
Mesmo com essa lufada de modernidade tomando conta da marca com a Himalayan, Continental GT e Interceptor, para um público mais jovem, que quer produtos com um pouco mais de conforto e tecnologia voltada à comodidade, Giusti não vê um fim do moto purismo. “Não perderemos esse cliente. Na verdade, com a abertura das novas lojas atenderemos a novos consumidores que se encaixam nessa categoria”, completou.
A proposta de uma fábrica no Brasil não está descartada pela Royal Enfield. A companhia tem um estudo de viabilidade em andamento, com foco em Manaus (AM), obviamente, onde há incentivos fiscais e tributários para a produção de motocicletas.
De acordo com Giusti, hoje, o principal entrevero para o sinal verde ainda é a demanda nacional, que não chegou a uma patamar mínimo – não especificado de qual seria – que justifique a implantação de uma linha de produção aqui.
No mais, o executivo afirmou que com uma possível fábrica no Brasil os preços não devem cair. Porém ele reforçou o fato de que mesmo com as variações fortes do dólar comercial desde a chegada da marca em 2017, os preços também não foram reajustados.