Sérgio, o verdadeiro Don Corleone
História de mafioso causa susto com ketchup
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emHá pessoas que nos fascinam sem nem mesmo conhecê-las. Uma dessas é o Sérgio, que é amigo de um amigo meu, o Cleidson. Pode até parecer que estou tentando inventar algo apenas por falta de assunto, mas lhe garanto que isso realmente aconteceu.
Pois bem, lá estava o Cleidson me contando algumas situações curiosas da sua vida e, então, começou a falar do Sérgio. Este, segundo o meu amigo, sempre foi fascinado pelo Vito Corleone, patriarca da família de mafiosos do filme “O Poderoso Chefão”. Dessa forma, o Sérgio costuma levar ao pé da letra as falas do Marlon Brando: “Um homem que não se dedica à família nunca será um homem de verdade” ou “Não odeie seus inimigos. O ódio atrapalha o raciocínio”.
A despeito de tantos ensinamentos do afamado mafioso do cinema, a frase mais emblemática repetida pelo Sérgio nem é uma dessas, mas a dita pelo Michael Corleone, filho do Vito: “Meu pai me ensinou muitas coisas aqui, neste gabinete. Ensinou-me que mantivesse os amigos por perto e os inimigos mais ainda”.
Gente, não que o Sérgio seja um mafioso de verdade, pois, até onde sei, nunca mandou matar ninguém ou, então, cometeu algum crime diferente daqueles que todos nós, ao longo da nossa existência, também cometemos. Todavia, a aura do Vito Corleone, o Capo di tutti capi, sobrevive no Sérgio.
Eu, que não o conheço, sequer vi uma foto do Sérgio, já sofri a marcante influência dele. Sim, isso mesmo! Pois bem, depois das histórias contadas pelo Cleidson, acabei dormindo no sofá da sala, onde tínhamos comido alguns cachorros-quentes.
Acordei sentindo algo gosmento e pegajoso nas costas. Rapidamente, coloquei as mãos e as levei bem pertinho do rosto. Meus dedos estavam completamente vermelhos. Tomei aquele susto. Eu me virei para o lado, certo de que havia uma cabeça de cavalo ali mesmo. Que nada, eu simplesmente havia me deitado sobre o frasco de ketchup.
*Eduardo Martínez é autor do livro “57 Contos e Crônicas por um Autor muito Velho”.
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