História de Tania Miranda abre espaço para discussão de gênero

A escritora Tania Miranda foi tema de O Lado B da Literatura, do colunista Cassiano Condé, aqui no Café Literário, no último dia 26. E, para nossa surpresa e alegria, a própria Tania nos encaminhou a seguinte mensagem:

Oi, Cecília… repliquei a reportagem do Cassiano em minha rede social e uma de minhas amigas fez um texto para ele. Poderia repassá-lo, por favor? Eis o texto da Cynthia Andrade:

Cassiano, permita-me chamá-lo na intimidade de seu primeiro nome, mas é que me identifiquei tanto com seu texto que gostaria de tê-lo escrito.

Sou amiga da nossa querida Tania Miranda há anos, mas não tenho o prazer de conhecê-la pessoalmente. Admiro imensamente o seu jeito de ser, de se posicionar para o mundo. Acho triste termos que nos referir como um ato de coragem, já que deveria ser natural todos se respeitarem sem se intrometerem na vida alheia. Mas, infelizmente ainda temos de dizer isso.

Eu não entendo bem a nova nomenclatura, foi a própria Tânia que me disse que sou uma mulher cis. Não tenho vergonha de não saber. Teria vergonha de ser preconceituosa em relação a outro ser humano. Isso a gente pode ser referente a caráter, honestidade, falta de empatia com o próximo.

Os descendentes diretos de meus pais, incluindo “os associados”, como costumamos chamar os que se uniram por casamento ou qualquer outra forma de união, somos 99. E há todo tipo de gênero. A primeira foi uma sobrinha, já na casa dos 50 anos, hoje casada oficialmente com uma mulher, depois de ter sido casada com um homem e ter dois filhos. Quando aconteceu, tive muito orgulho de minha filha mais nova que disse: “Que bom que já tem em nossa família. Meus filhos já crescerão vendo e eu não vou ter que explicar nada.” E acrescentou: “Vai chegar um tempo que vamos nos apaixonar pelo outro independentemente do sexo!” E é o que penso e espero. E que o mundo evolua e que as pessoas se respeitem.

Cassiano e Tânia, desculpem-me o tamanho do texto. Meu carinho aos dois!

…………………….

Cynthia Andrade é poetisa e atualmente trabalha como revisora de textos.