Salvatore D’ Onofrio
A história da antiga Roma nos deixou o apólogo (lição moral) de Menênio Agripa, o senador que conseguiu apaziguar ricos e pobres. No ano de 494 a.C, os plebeus, revoltados contra os privilégios da classe nobre, abandonaram a cidade, refugiando-se no monte Aventino. Sem a mão de obra dos trabalhadores, o Estado romano entrou em crise.
O senador Menênio, encarregado de dialogar com os revoltosos, foi explicando que o Estado é um corpo único, composto de vários membros inseparáveis. Não porque a cabeça está mais no alto e contém o cérebro ela é mais importante do que o fígado ou os pés. Se um membro qualquer adoecer, sofrerá o corpo todo.
Infelizmente, esta verdade, tão cristalina e de um ensinamento que resiste ao passar dos tempos, não sensibiliza os que governam estados, cidades, clubes. A história humana é constelada de contínuas lutas entre diferentes grupos ideológicos e políticos, cada qual defendendo seus interesses, pouco se importando com o bem da coletividade. Karl Marx (1818-1883), apóstolo das doutrinas socialistas, teve o grande mérito de valorizar o trabalho humano, mas pecou por demonizar o Capital (com letra maiúscula, pois é o título da sua obra mais famosa).
A luta entre capitalistas e operários se tornou a maior praga da modernidade no Ocidente, a partir da revolução industrial. E isto porque não costumamos refletir sobre a estupidez deste dilema, visto que não pode existir trabalho coletivo sem investimento financeiro e vice-versa. A falta de equilíbrio entre as forças sociais provocou o sucessivo fracasso de governos da extrema direita ou da esquerda totalitária.
Aqui e hoje, o pai (Lula) e a mãe (Dilma) da nossa Nação vivem insistindo na divisão do país em duas grandes facções: “Nós”, os petistas, caridosos e patriotas impolutos; e “Eles”, os políticos de oposição, apoiados pela mídia invejosa. O que mais ofende a inteligência do nosso povo é acreditar na mentira deslavada, na hipocrisia desavergonhada.
A realidade nos mostra que, ironicamente, ao longo dos treze anos do governo petista, quem mais se enriqueceu às custas do erário público foram os chefões do Partido dos Trabalhadores, em conluio com empresários, banqueiros, lobistas, marqueteiros, políticos de partidos de aluguel. E os mais castigados foram os que realmente trabalham e pagam pesados impostos, sem o correspondente retorno dos benefícios sociais (escolas eficientes, postos de saúde bem equipados, transporte público satisfatório).
O que não podemos perdoar ao lulo-petismo é o crime hediondo de não ter realizado um projeto de país, promovendo as necessárias reformas estruturais (eleitoral, política, tributária, previdenciária). A preocupação do PT foi apenas voltada para sua permanência no poder, agradando os mais pobres para obter votos e os mais ricos para conseguir dinheiro para as campanhas eleitorais. É incalculável o dano que tal postura causou ao país!
Faltou pensar o Estado como um todo, um corpo orgânico com unidade e estabilidade, que conseguisse harmonizar as diferentes demandas sociais. O egoísmo da classe política provocou a grave crise ética e econômica, em que vivemos, pela qual todos nós sofremos, porque ninguém pode ser feliz com corrupção, inflação, desemprego, violência, falta de planejamento familiar. Para sairmos desta enroscada precisaríamos construir uma união nacional que coloque o interesse público acima da ganância particular. Mas como?