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Asas do teco-teco

Histórias com o velho Jankiel, como o ‘roubo’ do avião

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José Escarlate

O fato ocorreu em Paulo Afonso, durante visita do presidente Ernesto Geisel. Eu e o Jankiel voamos até lá em avião da FAB. O grosso da programação foi na parte da manhã. Geisel visitou, num raio de quatro quilômetros cinco grandes hidrelétricas, a Usina Apolônio Sales, na divisa de Paulo Afonso-BA e Delmiro Gouveia-AL e as Usinas Paulo Afonso, I, II, III e IV que produzem 4.300 MW de energia elétrica.

Pela programação, o presidente foi almoçar em um local escolhido pelos empreiteiros, seguindo-se reuniões reservadas. Já passava das 14 horas e o voo para Brasília estava previsto para sair às 16 horas. A programação atrasou e só chegaríamos após as 19 horas. Perderíamos A Voz do Brasil e grande parte do material. Arriscamos deixar o almoço de lado e fomos para o pequeno aeroporto, tentar uma carona. Viagem de presidente, o campo de pouso estava coalhado de aviõezinhos, de políticos e empreiteiros.

Ao chegarmos lá, um cidadão indagou: “São vocês que vão para Brasília?”. Respondi que sim, sem me identificar. Ele então apontou um avião e disse: “O voo é aquele. O avião vai prá lá”. Mudos estávamos e mudos ficamos. Embarcamos no aviãozinho e, pouco mais de duas horas e meia, sobrevoávamos Brasília. E ainda pedimos ao piloto para ligar para a Agência Nacional, pelo rádio, para que um carro fosse nos buscar no aeroporto.

Eram 17h30 hs quando entramos na redação para preparar todo o material, texto e fotos. Algum figurão sobrou e ficou sem condução. Jankiel tinha muitas histórias para contar. Irreverente, ele era o maior garfo da comitiva presidencial. Sentava à mesa e comia como um nababo o que sobrava das pedidas dos coleguinhas. E a baixo custo.

Em Bogotá, na Colômbia, fez a alegria da sala de imprensa internacional quando a técnica da EBN, inadvertidamente, colocou no ar sua conversa “quentíssima”com dona Yolanda, a esposa, cheia de amor prá dar, e muito mais. Deixando a técnica da EBN, ao entrar na sala de imprensa, foi recebido pelos jornalistas, de pé, com muitas palmas. Nem ficou vermelho e muito menos envergonhado. Agradeceu, bebeu um café quentinho e foi fumar o seu cigarrinho.

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