Homem de gelo fez da raquete esporte popular

Com o início da pandemia, deixei de lado um dos meus maiores prazeres, que era jogar tênis. Aliás, confesso que por décadas deixei de lado essa paixão da minha infância, quando o grande nome desse esporte era o Björn Borg, que, como um astro do rock, elevou o tênis a uma atividade quase popular.

Nessa época, eu tinha uma raquete de tênis, não igual ao do Borg, mas também era de madeira. Porém, eis que ele se aposenta muito cedo, pouco depois de vencer, aos 25 anos, seu 11º grand slam. Enquanto o sueco pendurava a raquete, a minha ia para o fundo do meu armário, onde ficou por anos e, depois de não sei por quanto tempo, acabou se perdendo.

Não me lembro exatamente de quando decidi comprar uma nova raquete. Todavia, sei que foi numa dessas lojas especializadas, onde há algumas de segunda mão. Pois foi justamente uma dessas que adquiri por menos da metade do preço de uma nova.

As cordas foram trocadas, o que a tornava quase que saída da fábrica. E lá fui eu, como um menino da década de 1970 querendo ser aquele cabeludo que se tornou uma lenda nas quadras de Wimbledon e Roland Garros, justamente os dois torneios mais emblemáticos e discrepantes do circuito.

Ninguém! Ninguém para eu desafiar depois de décadas de aposentadoria. Mas isso não me desanimou, pois havia um paredão na quadra de saibro, justamente a especialidade do Borg. Fiquei ali batendo bola por não sei quanto tempo. Talvez não tanto quanto o meu corpo, exausto pela inatividade, imaginou.

Seja como for, essa virou a minha rotina por anos, caso eu não encontrasse alguém para jogar. E, quando isso acontecia, os caras só falavam em Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, Eles me perguntavam quem era o melhor. Eu tentava desconversar, falava que os três eram ótimos. Mas a minha vontade mesmo era de gritar pra todos: Björn Borg!!! No entanto, essas coisas não ficam bem na minha idade, quando a meninice já passou longe.