A propaganda eleitoral no rádio e na televisão é um marco de início efetivo das campanhas partidárias no Brasil. Não que antes de os candidatos mostrarem o rosto e a voz aos eleitores nas telas e ondas radiofônicas não exista atividade eleitoral, porém, para muitos, são estes programas que vão apresentar e definir os candidatos da sua preferência.
O espaço destinado a cada candidatura é determinante também para as coligações que se formam antes das eleições, criando situações em que partidos abram mão de pontos importantes de seus projetos de governo para ter alguns minutos, ou mesmo segundos, a mais de exposição nos meios eletrônicos de propoaganda.
Nessa largada do horário eleitoral, o cientista político Bruno Lima Rocha e professor da Unisinos, ESPM e Unifin acredita que a tragédia com o candidato do PSB, Eduardo Campos, deve tornar o clima de disputa das eleições presidenciais mais ameno, pelo menos em um primeiro momento.
Os maiores tempos de televisão costumam ficar com os candidatos considerados favoritos, pois são capazes de articular mais partidos com representação na Câmara dos Deputados em torno de seu nome.
Reconhecendo a importância do tempo de rádio e televisão, Lima Rocha destaca que, em 2010, a então governadora Yeda Crusius (PSDB) viveu uma situação atípica, o que não possibilitou o melhor aproveitamento do tempo de TV. “Em 2010, a candidata tucana Yeda Crusisus tinha uma rejeição muito forte do seu governo junto ao eleitorado, por isso o horário eleitoral acabou ajudando pouco sua campanha”, pondera o professor.
A prestação final de contas mostrou que o horário eleitoral trouxe um grande gasto. A candidata despendeu R$ 3,8 milhões apenas na produção dos programas de rádio e televisão em 2010. Tarso Genro (PT), que saiu vitorioso ainda no primeiro turno, também fez investimento pesado nesse aspecto, com pouco mais de R$ 2 milhões injetados para as produções.
José Fogaça (PMDB), segundo colocado nas eleições de 2010, teve um gasto modesto em relação aos adversários, investindo R$ 551,3 mil na produção de seus programas.
Para este ano, o cientista político acredita que a candidatura de José Ivo Sartori (PMDB) pode se beneficiar, pois tem o segundo maior tempo (5 minutos e 2 segundos), depois do petista Tarso Genro (5 minutos e 9 segundos). Lima Rocha entende que, com a exposição midiática, o candidato peemedebista tende a crescer na preferência do eleitorado, pois terá tempo para se apresentar no horário gratuito. Enquanto isso, a líder nas pesquisas eleitorais até o momento, Ana Amélia Lemos (PP), tem 3 minutos e 50 segundos.
Ana Amélia, porém, ainda colhe os frutos da atuação como jornalista e do espaço diário em rádio e televisão. O professor avalia que a candidata do PP soube conduzir seu mandato no Senado. “Ana Amélia teve uma política de comunicação ao longo dos últimos quatro anos perfeita. Ela não se isolou em momento algum e conseguiu acumular prestígio de senadora com o conhecimento prévio como jornalista.”
O cientista político acredita que Sartori pode tirar votos de Ana Amélia, beneficiando Tarso, que tem sido o segundo colocado nas pesquisas, devido à tradicional rivalidade entre PP e PMDB nos municípios do Estado.
Lima Rocha lembra que o PMDB é um partido que já teve sucesso se colocando como uma terceira via e apresentando um candidato quase desconhecido do público.
Na eleição de Germano Rigotto (PMDB), em 2002, o ex-prefeito de Caxias do Sul conseguiu vencer dois candidatos com maior prestígio eleitoral: O ex-governador Antonio Britto (na época, PPS) e Tarso Genro (PT). Naquele momento, a boa comunicação de Rigotto foi fundamental para que fosse alçado à condição de favorito, saindo de uma terceira posição antes do começo da propaganda para a vitória no segundo turno.
Na avaliação de Lima Rocha, o peemedebista Germano Rigotto conseguiu utilizar bem seu tempo de mídia vinculando uma imagem de “nova política”. O cientista político observa que é muito difícil que esse fato volte a se repetir no pleito de 2014. Entretanto, reconhece a capacidade do candidato José Ivo Sartori conseguir angariar votos destinados aos demais candidatos, em razão de seu tempo de exposição na mídia e também da estrutura partidária que tem a coligação liderada por ele.