Mariana Alves, Edição
Será que todos os casos de câncer do colo de útero são consequência direta do vírus do HPV? Será ele o único vilão? O desafio de esclarecer essa questão foi oferecido à Dra. Adriana Bittencourt Campaner, Gerente Médica do Centro de Estudos e Pesquisas do SalomãoZoppi Diagnósticos, como tema de sua apresentação no XXII Congresso Paulista de Obstetrícia e Ginecologia (SOGESP), que acontece em São Paulo, de 24-26 de agosto.
O fato do vírus HPV estar diretamente ligado à carcinogênese uterina não significa que, uma vez infectada, a paciente fatalmente desenvolverá o câncer de colo de útero. Estudos citados pela Dra. Adriana apontam que aproximadamente 10% dos casos de infecção evoluem para uma neoplasia.
Mas quais fatores contribuem para que apenas uma pequena porcentagem dessas infecções se torne um câncer? A doutora destacou que, para que a neoplasia de colo de útero se desenvolva, existem alguns fatores considerados muito importantes, sendo a imunidade o principal deles.
Por isso, a recomendação para uma alimentação saudável, acompanhada de exercícios físicos e manutenção do peso ideal são fundamentais para que o vírus seja eliminado naturalmente, sem a necessidade de intervenção terapêutica. Nesse caso, as pacientes assintomáticas também merecem atenção porque se lhes forem prescritos polivitamínicos e outros compostos de maneira indiscriminada, principalmente que contenham ferro, é preciso lembrar que o ferro é um importante alimento do vírus do HPV e, portanto, quanto menos ferro melhor.
Além da imunidade, outros agentes que também têm relação com a persistência do HPV em permanecer no organismo incluem: a idade (as mais jovens têm melhor chance de eliminar o vírus); o tabagismo, que é extremamente pernicioso para a saúde da mulher de uma forma geral; alguns tipos de contraceptivos hormonais; e, por fim, a predisposição genética.
Além disso, outras infecções que afetem a imunidade das pacientes, como HIV ou Hepatite C são consideradas fatores que aumentam o risco da evolução da infecção para o câncer uterino.Ao finalizar sua participação, a Dra. Adriana alertou para o fato que algumas DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) também favorecem a permanência do HPV no organismo feminino. Segundo a especialista, estudos demonstraram que a Clamídia e a Vaginose Bacteriana são as DSTs que possuem maior potencial de aumentar o risco de evolução da infecção por vírus HPV para a carcinogênese cervical em até 50%.