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Sucessor precisa ser bom

Ibaneis, advogado-alquimista, fez de Brasília novo Jardim do Éden

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José Seabra - Foto Reprodução

Estive com Ibaneis Rocha (MDB), um único dia, em duas ocasiões. Foi há cerca de quatro anos. Ele, pragmático; eu, ácido. A primeira, quando ele chegou com sua tropa de advogados ao corredor que leva aos gabinetes dos juízes no edifício-sede do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. Nos cumprimentamos formalmente. Logo depois, já na sala de um juiz que acatara uma denúncia dele contra este repórter e Notibras, voltamos a nos cumprimentar. Seguiu-se a audiência de conciliação que findou em um acordo. Não houve vencido nem vencedor. Diria que o VAR, na condição de magistrado, decretaria empate.

Não escrevo neste momento motivado pelo espírito natalino. Sou isento, portanto, para abordar um tema que muita gente se sente desencorajada. Se um dia Ibaneis, supostamente, tentou destruir Notibras, consequência de uma taça de vinho vinagrado, tenho brios para sustentar que a postura dele, como governador, tem sido a de um estadista neste ano que se encerra. Isso apesar de todas as dores de cabeça provocadas pelo 8 de janeiro.

Costumo dizer – e esta é uma orientação de Notibras a todos os nossos profissionais, sob o olhar eventualmente flexivo do companheiro Armando Cardoso, que preside o Conselho Editorial do Portal -, que a democracia, ao mesmo tempo em que nos garante o livre exercício do voto, nos dá cidadania, termo que, conforme o dicionário, expressa a igualdade dos indivíduos perante a lei. O princípio filosófico da democracia é que nem todos os dias são bons, mas sempre há algo de bom em cada dia.

Partindo da gênese dos deveres e direitos que o sistema estabelece, ninguém é obrigado a homenagear ou louvar um governante. No entanto, é obrigação dos democratas respeitar e reconhecer os feitos de um mandatário eleito, ainda no primeiro turno, com os votos da maioria esmagadora dos brasilienses. Em se tratando do governador Ibaneis Rocha, não parece difícil sintetizar seu quinquênio à frente do Palácio do Buriti.

Encarnando a tese de que o primeiro passo para tornar um sonho em realidade é acreditar que ele é possível, Ibaneis derrubou o hobby dos que pautam apenas temas negativos e proporcionou ao Distrito Federal um reencontro com obras verdadeiramente necessárias, viáveis e projetadas para melhorar a vida do contribuinte.

Faltaria espaço para elencar todas, mas vale destacar o viaduto do Sudoeste, o túnel de Taguatinga, o recapeamento asfáltico de várias vias e rodovias, notadamente o da Estrutural, além do anunciado investimento de R$ 2,8 bilhões até 2027 na Caesb, de modo a garantir mais segurança hídrica à população do nosso ‘Quadradinho’.

Também estão na agenda de Ibaneis Rocha a expansão da Ceilândia e do metrô de Samambaia, o BRT Norte, um viaduto na região do Jardim Botânico, duplicação da DF-140 e o corredor de ônibus ligando, por meio da Hélio Prates, Taguatinga e Ceilândia.

Por tudo isso, apesar dos respingos que provocaram seu afastamento da chefia do Executivo mal o ano raiara, o 2023 do governador está terminando exatamente como começou: vitorioso da largada à bandeirada. A sensação de dever cumprido só é sentida por aqueles que fazem algo por amor ao próximo. O oposto disso é apenas reação de uma ação executada. Em síntese, o sentimento do dever cumprido é a melhor maneira de fazer da própria consciência o mais alto lugar de repouso.

Ainda há muito por fazer, admite, em conversas pinceladas no WhatsApp, o secretário Welington Moraes. E concordamos que uma pequena sensação do cumprimento do que se prometeu já é grande coisa. Como disse Aristóteles, nós somos aquilo que fazemos repetidamente. A excelência, portanto, é um hábito, não um incidente, no governo de Ibaneis Rocha.

Embora não tenha sido seu eleitor, me reconheço hoje como um defensor das obras iniciadas e concluídas pelo governador. Em outras palavras, mesmo de longe, sou testemunha de sua satisfação pessoal pelo trabalho que produziu até agora. E não foi pouco. Depois de décadas de espera, de alguns elefantes brancos e sem investimentos em suportes estruturais, 2024 será, de acordo com o próprio Ibaneis, o ano do foco em obras de infraestrutura e de ações sociais.

A expectativa é de que sejam investidos R$ 2 bilhões em toda a cidade. Os projetos sociais não serão esquecidos, mas a prova de que a marca do governador são as grandes obras, é o novo sistema viário de boa parte da Capital Federal. Mais humanizado, ágil e plasticamente mais apresentável, os combos rodoviários estão em consonância com as necessidades de milhares de usuários. A menos de uma semana para o encerramento do ano e do primeiro ano do seu segundo mandato, o maior empreendimento do governador foi mostrar à sociedade que profissionalismo, motivação, confiança e coragem movem montanhas e derrubam ações amadoristas de poder.

Hoje compreendo que depois de Ibaneis, é improvável que algum aventureiro se arrisque a concorrer à cadeira dele em 2026. Não precisamos de novos alquimistas, mas de verdadeiros políticos pragmáticos, para que o Paraíso em que Brasília se transformou, continue a ser chamada de Jardim do Éden.

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