As relações entre os poderes Executivo e Legislativo do Distrito Federal, estão correndo um sério risco de desandar de vez. E isso em pleno período de férias do governador Ibaneis Rocha, e dos deputados distritais, que gozam seu recesso parlamentar. E enquanto uns descansam, outros cobram a necessidade, pontuada como em cima da hora, de se fazer uma criteriosa avaliação do uso da expressão “fake News” em publicações oficiais.
O que se observa, e que tem sido motivo de queixas, são informações contraditórias que servem mais para confundir do que para explicar o que deve ser explicado. O Executivo tem por obrigação prestar contas à sociedade, que por sua vez, delega aos parlamentares, no caso os distritais, poderes para cobrar e fiscalizar o que se faz e deixa de ser feito no governo como um todo, ou seja: secretarias, empresas públicas, administrações regionais e demais órgãos agregados ao Palácio do Buriti.
Erros gritantes, para não dizer grosseiros, surgem na Secretaria de Saúde, a quem não cabe demonstrar qualquer irritação ou indignação com alguma cobrança de um deputado distrital, seja da situação ou da oposição. Primeiro, porque é prerrogativa do exercício parlamenta; segundo, porque o histórico de incursões no universo do crime por ex-gestores da secretaria. Destacam-se, a propósito disso, episódios na compra de testes, respiradores, luvas, máscaras e tudo mais relativo ao combate à Covid. Tudo isso é motivo mais do que suficiente para que o patamar de transparência seja elevado ao topo.
O deputado distrital Eduardo Pedrosa (PTC), por exemplo, foi vítima, por parte da Secretaria de Saúde, do abuso no uso da expressão “fake news”. Tudo se deu com a publicação, no site da secretaria, de nota oficial desqualificando a atuação do parlamentar que questionara de forma clara, com base em dados extraídos do mesmo site, o por que de um reduzido número de cidadãos vacinados enquanto o estoque de vacinas no Distrito Federal reunia mais de 412 mil doses.
Cálculos a parte, é evidente que o ritmo da vacinação na capital da República está demasiadamente lento. Culpa dos gestores da área, sem dúvida. Essa situação contribui para a insegurança e atrapalha a solução do desafio de imunizar a população, na medida em que o agendamento está precário e os números publicados pela secretaria se apresentam circunstancialmente divergentes.
Nos meios políticos o que se comenta, em tom de crítica, é que não cabe à Secretaria de Saúde destratar qualquer parlamentar, sob pena de exorbitar o caos da saúde pública para o universo institucional. A Mesa Diretora da Câmara Legislativa deve se posicionar em defesa das prerrogativas de todos os distritais e exigir do Executivo a devida reparação pública ao deputado Eduardo Pedrosa.