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Quem abriu porteira a golpistas?

Ibaneis joga cartas na mesa com PF para evitar crime de perjúrio

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José Seabra - Foto de Arquivo/José Cruz - ABr

Quando os terroristas bolsonaristas começaram a depredar as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, por volta das 15 horas do domingo, 8 de janeiro, o governador Ibaneis Rocha (MDB), convocou à sua residência, no Lago Sul, a vice-governadora Celina Leão, o secretário da Casa Civil Gustavo do Vale Rocha e o consultor jurídico Rodrigo Becker.

Ao trio, foi dada uma ordem expressa: a tomada de decisões imediatas para acabar com a baderna. Pouco depois era anunciada, de São Paulo, onde Lula se encontrava, a intervenção na Segurança Pública do Distrito Federal.

Que ordens foram dadas pelo governador? Por que tudo deu errado? Alguém fez papel de surdo e colocou em ação um plano premeditado? As respostas a esses e outros questionamentos são ansiosamente aguardados pelos federais.

O enredo dos policiais está pronto. O interrogatório que Ibaneis enfrentará, seguirá em linhas gerais nessa linha. Esse é um resumo do que se acredita como será o novo depoimento que o governador de Brasília prestará, agora na condição de testemunha, em inquérito envolvendo coronéis e outros oficiais superiores da PM-DF presos no meio da semana, acusados de cumplicidade com os terroristas..

Ibaneis não é investigado. E como testemunha, não pode gaguejar. Será obrigado a colocar as cartas na mesa. Seu compromisso é com a verdade, sob pena de crime de perjúrio. Falsear ou esconder a veracidade dos fatos (inclusive a tomada de decisões definidas em sua casa), podem render pena de prisão, inicialmente em regime fechado, que varia de seis a oito anos de prisão.

A data do depoimento ainda não foi definida. Mas, como o ministro Alexandre de Moraes – o mesmo que afastou o governador do cargo por três meses – tem pressa para passar o rolo compressor nos golpistas, ibaneis deve ser chamado a qualquer momento à Superintendência da Polícia Federal. Porém, desta vez, o governador não vai poder chegar, bater na porta e se oferecer para depor. Ele terá de ir com no dia e hora marcados via intimação, conforme revelou, na condição de respeitado o anonimato, um delegado de classe especial da PF.

No primeiro depoimento, em janeiro, já afastado do Buriti, Ibaneis disse ser um democrata. Se ele prega realmente um Estado Democrático de Direito como reza a Constituição, pode puxar do fundo da mente fatos então encobertos por um suposto lapso de memória. Assim, comenta-se nos corredores da Polícia Federal, como é sabido que o governador não sofre de Alzheimer, espera-se que toda a verdade venha à tona. Principalmente a conversa na tarde de 8 de janeiro, lá na mansão do Lago Sul, com aqueles três personagens de sua irrestrita confiança.

Como Ibaneis não revelou as medidas que deveriam ser tomadas, muito menos tornou púbicos os seus resultados, agora os federais podem ter a oportunidade de colocar as mãos na ponta do novelo de linha. Ou, na pior das hipóteses, conhecer o caminho das pedras que levaram os golpistas do QG do Exército à Praça dos Três Poderes sem serem incomodados.

O que a Polícia Federal não aceitará, são contradições. Para refrescar a memória: Ibaneis chegou a dizer ter tomado conhecimento do seu afastamento e da intervenção somente na segunda-feira, 9, ou seja, horas após as decisões do presidente Lula e do ministro Alexandre de Moraes.

Se no novo depoimento rolar perjúrio, o governador estará coberto de sal grosso para virar churrasco político. É justamente isso o que seus adversários, que dividem o mesmo espaço no Buriti e seu entorno, mais desejam. A única chance de virar o jogo, é abrindo o bico.

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