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Ibaneis monta governo da nova política com os velhos políticos

Há uma semana, o Ministério Público do DF recomendou ao Governador eleito Ibaneis Rocha não concretizar o anúncio feita pela equipe de transição de nomear o ainda Deputado Distrital Wellington Luiz na Presidência do Metrô-DF. Pesa contra o parlamentar não reeleito um Decreto Distrital que veda a nomeação como administrador de empresa estatal de alguém tendo ocupado função dirigente num partido político nos últimos 3 anos. É o caso de Wellington, Secretário Executivo do MDB-DF.

Raimundo Ribeiro, recém-emedebista que também não conseguiu salvar seu assento na CLDF, não está na mira dos Promotores porque o cargo ao qual já foi nomeado é de direção na ADASA. Mas a intenção de Ibaneis é de propor seu nome para a substituição do Presidente da Agência Reguladora das Águas no fim do mandato do atual, Paulo Salles, em outubro de 2020. E assim cairia também na vedação, antes do término do prazo de 36 meses.

Além do posicionamento jurídico, estes e outros nomes anunciados pelo próximo Governador do DF causaram estranheza a quem apostava numa renovação completa da paisagem política. O Buriti versão 2019 contará com time inédito de… ex-Ministros ! Na Casa Civil, Eumar Novacki, atual Secretário Executivo do Ministério da Agricultura, chefiou a pasta interinamente nas ausências de Blairo Maggi. Leandro Cruz, atual Ministro do Esporte, será Secretário da mesma área. Valter Casimiro deixará o Ministério dos Transportes para a Secretaria do mesmo nome. Gustavo Rocha, futuro Secretário de Justiça e ex-Ministro dos Direitos Humanos no Governo Michel Temer. Vanessa Mendonça, atual diretora nacional do Ministério do Turismo, que será a Secretária aqui.

Mas o nome talvez mais comentado foi do Deputado Federal Sarney Filho, candidato infeliz ao Senado nesta eleição pelo Maranhão, que passará de Ministro a Secretário do Meio-Ambiente. Até mesmo seu interino na Esplanada, Edson Duarte, galgou emprego no GDF: será chefe do IBRAM.

A lista da nova equipe conta até agora com 43 nomes. Mas pode ser ampliada. O futuro Governador já declarou não aderir à moda dos “gabinetes enxutos”. Quem merecer destaque vai ganhar seu secretariado. Fora galeria dos “federais”, o próximo Executivo local também acolherá nomes que não obtiveram sucesso nas urnas. Além de Wellington Luiz e Raimundo Ribeiro já citados, Ericka Filippelli, João Pedro Ferraz, Laerte Bessa e Paulo Roriz abrir no Executivo a porta que lhes foi fechada no Legislativo. Caminho que Adão Cândido, Gilvan Máximo e Vitor Paulo percorreram em 2014.

O eleitor mandou um recado claro em outubro: o da renovação. Em alguns casos, foi um verdadeiro “bota-fora”. Cansado dos mesmos, já sido eleitos ou não, o cidadão quis experimentar algo diferente. E os resultados tanto no plano Federal que locais, em todos os estados, formaram um mini tsunami que varreu da cena nomes tradicionais, e deram vale-posse a alguns desconhecidos. A tal “velha política” foi o palavrão da vez. Quem prometeu acabar com ela atraiu as simpatias das urnas. O movimento foi tão grande que, às vezes, misturaram-se as bolas. A política dos trambiques, dos benefícios imorais, das carteiradas, dos interesses pessoais, dos lobbies pode ser desempenhada… por gente nova. Ao Tancredo Neves candidato à eleição indireta em 1985 para a Presidência da República, um dos “grandes eleitores” confessou sua simpatia pela pessoa do ex-Governador de Minas, mas recusou o voto, profetizando que “a oposição, quando chega ao Poder, tem uma fome imensa”.

O que se espera dos futuros mandantes do dinheiro público é o que eles, ao que tudo indica, falharam em fazer nos últimos anos, quiçá décadas: tratá-lo bem. Honestamente e com qualidade. Isto não depende exatamente da pessoa, mas sim de seu estado de espírito. Até mesmo de sua consciência.

A Lava-Jato e seus desdobramentos mostraram onde fica o ralo. E como muitos se aproveitaram dele. Vários se defenderam argumentando que “todo mundo fazia assim”, “se não fizesse também, nunca mais ia se eleger” e outras desculpas acusando o ambiente político-partidário. Os tempos são outros. Ou pelo menos o eleitor quer novos tempos. Se os nomes listados acima estão prontos para exercer escrupulosamente a “nova política”, poderão ser absolvidos e perdoados. Afinal, Deus é brasileiro.

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