O governador Ibaneis Rocha já demonstrou sua obstinação na vida profissional e na política. Dedicado e focado no seu projeto de governar Brasília, saltou de míseros pontinhos nas pesquisas de opinião para uma arrebatadora vitória nas urnas.
Agora, próximo dos 100 dias desde que assumiu o Palácio do Buriti, Ibaneis não conseguiu fazer muita coisa. A prometida Disneylândia, por exemplo, foi uma utopia. E mato na rua todo mundo corta.
Mas, justiça seja feita, ser governador é difícil. Apesar disso, governar é preciso.
Um prócer emedebista, que circula no universo de Ibaneis, lembra que se conselho fosse bom, não se dava, vendia. Principalmente para ele, que tem fama de milionário. E uma das sugestões imediatas, apresentada sem ônus, é que o governador abandone a ideia fixa de ser presidente do MDB.
Políticos tarimbados avaliam que desejar dirigir o partido é um o voo alto demais para um estreante na política. E o Céu, no caso específico do governador do Distrito Federal, está longe de ser de brigadeiro. Tem muito urubu rondando a decolagem. E o risco de acidente é iminente.
Há quem pense chegar aos ouvidos de Ibaneis e aconselhá-lo a manter os pés no chão. A ideia é lançar um alerta, invocando a mitologia grega.
Para quem não se recorda, abre-se um parêntesis aqui para lembrar que Ícaro, aprisionado no cume de um monte com seu pai Dédalo, decidiu construir asas feitas com penas de gaivotas presas com cera de abelha.
O primeiro objetivo – o de sobreviver sem sonhos mais altos –, deu certo.
No entanto, Ícaro, confiante na conquista plena da liberdade e se sentindo quase um Deus, resolveu voar cada vez mais alto, menosprezando conselhos de Dédalo, que o alertava – quanto mais alto o voo, maior o tombo.
Ícaro voava em direção ao infinito. E na medida em que ele subia, o calor do sol derretia a cera, até desfazer as asas. Abismado, mas com os pés no chão, Dédalo, desesperado, assistiu o filho cair no mar Egeu, onde morreu afogado.
Uma das morais dessa fábula é que tudo o que sobe, desce. E nesse caso terminou em morte. Desnecessário dizer que Brasília não tem um Egeu. Porém, tem um Paranoá com águas profundas.