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Governador da enganação

Ibaneis sobe no trem-fantasma; trai aqui e ali

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Autor/Imagem:
Ka Ferriche

Está claro que Ibaneis Rocha (MDB), multimilionário de R$ 90 mi menos 45 mi que governa o Distrito Federal, é um exemplo de tradição partidária. Filiado recentemente à legenda – 2017 – pela qual foi eleito, Ibaneis foi rápido em entender as práticas internas da sua agremiação.

Ele já havia declarado que “Não sou do MDB, estou filiado ao MDB”, deixando de lado a sinalização de que queria mesmo é ser dono do partido. Essa dinâmica de infidelidade de seus membros vem de longe. Ex-aliados petistas garantem que o MDB é o celeiro da traição. Nada e ninguém ali, declaram, são dignos de confiança.

Depois de ser “atraído” por Tadeu Filippelli para a legenda, Ibaneis venceu as eleições e partiu imediatamente para o Plano B: expulsar os incômodos veteranos políticos dos seus quadros, assumir a presidência e consolidar a sua candidatura ao Palácio do Planalto.

Seu maior fundamento são as fichas imundas dos principais nomes, inclusive utilizando acusações e prisões de correligionários, como argumento para riscá-los de suas cercanias. Por esse critério, vários políticos deverão deixar o MDB, inclusive o seu atual presidente, Tadeu Filippelli, ao qual se deixou seduzir convenientemente.

O problema é que o primeiro movimento foi feito em conjunto com o deputado distrital Rafael Prudente, presidente da Câmara Legislativa do DF, que encaminhou juntamente com Ibaneis Rocha, requerimento ao presidente nacional do MDB, Romero Jucá, pedindo a suspensão das eleições do partido e a dissolução imediata de seu diretório local.

Rafael, ficha limpa, é filho de Leonardo Prudente, aquele ex-deputado flagrado escondendo maços de garoupas nas meias.

Curioso é o argumento de Ibaneis de que o partido exige uma limpeza moral no Distrito Federal, mas o pedido foi encaminhado a um dos personagens mais investigados do Senado, hoje sem mandato. Romero Jucá, presidente nacional, poderá ser o próximo alvo, caso atenda ao pedido de intervenção.

O partido, fundado em 1966, teve como presidente inaugural o general Oscar Passos, que entregou o comando a Ulysses Guimarães cinco anos depois. A partir daí, após uma reconhecida luta e movimentos democráticos, o MDB abrigou todas as tramas até o tiro de misericórdia no PT, com o qual andava de mãos dadas, ao apoiar o impedimento de Dilma Rousseff para conduzir Michel Temer ao poder.

Reduzido a quase nada, após lançar 14 nomes aos governos estaduais, entre eles, Roseana Sarney e Paulo Skaf (não eleitos), o partido conquistou apenas três redutos sem a menor importância eleitoral: Alagoas, Pará e Distrito Federal. O estrago nas urnas atingiu também o Senado e a Câmara. Na sequência, com a prisão de Michel Temer, o MDB definitivamente foi coberto de cinzas. Delas quer surgir o fotogênico Ibaneis, soberbo em afirmar realizações que nunca acontecem, apostando na fraca memória dos eleitores.

Enquanto ele tem foco no cenário nacional, os passageiros aguardam, desde março, na Rodoferroviária de Brasília, o trem que prometeu levá-los para Luziânia. Na fila poderão aguardar Filippelli – a quem Ibaneis jura que não deve mais nada – e Romero Jucá, que depois de ser muito bem convencido, cedendo ao requerimento, poderá ser a próxima vítima. O mesmo trem-fantasma que nunca chegou poderá ter a bordo um único passageiro: o próprio Ibaneis Rocha, rumo à estação Praça dos Três Poderes.

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