Brasília na Sapucaí
Ibaneis volta de Lisboa. Quem paga a conta da festa?
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emO governador Ibaneis Rocha (MDB) está desembarcando em Brasília após uma viagem a Lisboa, onde passou o fim de semana descansando e estendeu dois dias úteis para supostamente tratar de interesses do Distrito Federal. A pauta desses contatos, porém, não foi divulgada.
Ibaneis chega justamente na hora em que dos cofres públicos está saindo dinheiro para pagar a conta de consultores do Projeto Brasília 60 Anos na Sapucaí, sob a batuta da Vila Isabel. Supõe-se que o governador, que anunciou a presença da cidade no sambódromo do Rio em 2020 sem um centavo do governo, vai explicar quem pagará o pato.
A conta a parcial, só de passagens aéreas e diárias, bateu em 35 mil reais. Essa é a mixaria que o contribuinte do Distrito Federal está pagando, até agora, pelo vai e vem na Ponte Aérea Rio-Brasília. A ‘merrequinha’ diz respeito apenas ao vai e vem de integrantes da Vila Isabel e de servidores da Secretaria de Cultura, para tentarem formular um encantado termo de cooperação técnica, que até agora não ficou pronto.
E não foi por falta de empenho, pois teve gente que embarcou em Brasília na sexta-feira e só voltou na segunda. Um fim de semana inteiro labutando no Rio!
Notem que não estão inclusos aí os gastos com bebidas, comida e outras despesas eventuais. E teve cachê para artistas e músicos, no famoso churrasco do domingo, dia 26? A pândega não deve ter saído barata. Mas com certeza deixou muitas dúvidas. O anfitrião seria o verdadeiro mecenas, ou teria algum outro mentor? Teve dinheiro público ou não? Se o evento era privado, por que no convite tinha a logomarca do governo? Agora, se era público, olha que tem coisa mal cheirosa.
O prestígio do projeto Brasília 60 anos na Sapucaí está baixo. Além da ausência de todos os representantes de escolas de samba, tinha pouca gente para uma boca livre. O fato é que esse enredo promete. A maneira misteriosa como a escola de samba chegou, sem a participação de concorrentes no processo; o anúncio do secretário de Cultura de que “a parceria não seria apenas para o Carnaval 2020, mas para todo o mandato de Ibaneis”, são apenas alguns dos muitos mistérios que os carnavalescos de gabinete prometem para delírio da população.
Se o tal do termo de cooperação, apesar de todo o empenho aqui demonstrado, ainda não ficou pronto, o governador deve estar se perguntando lá de trás dos montes: Que papel foi aquele que eu assinei no dia 21? E, se não há documento de compromisso entre as partes, como é que estão pagando diárias para sambistas prestarem serviços como colaboradores oficiais?
Ih, governador. Ao que parece, o Diário Oficial do Distrito Federal andou publicando portaria que deveria ser mantida em sigilo. Mas, cá pra nós. Como existe um negócio chamado Lei de Acesso à Informação, mais dia, menos dia, o assunto viria à tona. A propósito, ainda há muitas perguntas a serem feitas. E como o jornalismo virtual é rápido, é bom a equipe do governo começar a pensar em resposta plausíveis.