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Ice wine, o vinho que vem do gelo de Cantões do Leste

Foto/Reprodução

Os melhores ice wines, os vinhos produzidos a partir de uvas congeladas pelas nevascas que chegam, as vezes, já no começo de novembro, são produzidos na região de Niagara-on-the-Lake, em Ontário, no norte do Canadá. É fim de outono e o colorido das árvores está no auge.

Em poucos dias, folhas de tons vermelho, laranja, amarelo, rosa e violeta se acumularão nas guias das ruas, no gramado das praças, e as árvores desnudas em breve terão seu galhos polvilhados pela primeira neve.

Nas casas, as piscinas são esvaziadas e, quem não tem garagem, está tratando de armar o toldo que protegerá o carro das nevascas. Nas pastagens, o feno é estocado e, nas plantações, as últimas frutas são colhidas.

Os gansos da neve (snow goose) e os patos reais começam a migrar para regiões mais quentes, no sul, cortando o céu em bandos numerosos e barulhentos. Com a previsão de geada antes do fim da estação, viticultores se apressam em colher seus últimos cachos e preparar as vinhas para o período de dormência.

Exceto a Vidal, variedade de uva que resiste ao rigoroso inverno canadense e, congelada, é utilizada na produção de um excepcional vinho de sobremesa, o icewine. Essa variedade, bem como algumas outras, permanecerá ainda nas videiras por longos dois meses após a colheita das últimas uvas, recebendo sucessivas nevascas.

Foi minha segunda visita ao Quebec, região a leste do Canadá, segunda província mais populosa do país e uma das mais antigas, fundada em 1608. De colonização francesa, durante mais de dois séculos o Quebec foi marcado por conflitos entre franceses e ingleses, num toma lá dá cá de terras e, posteriormente, na dificuldade de convivência de duas culturas e línguas diferentes.

Com minoria anglófona, em 1972 a região de Quebec conseguiu enfim estabelecer o francês como língua oficial e, ao mesmo tempo em que se colocou no caminho de valorizar a cultura da maioria de seus habitantes, perdeu parte de seu poder econômico com a evasão de indústrias anglófonas. Rebaixada pelas demais províncias, o partido do governo decide realizar um plebiscito pela separação do Quebec do restante do Canadá. Embora a maioria tenha votado contra, a província é deixada de fora na assinatura da nova Constituição Canadense, em 1982.

Outros plebiscitos pela separação perderam força, talvez pela vontade dos muitos imigrantes que se estabeleceram na província ou reflexo do trabalho de preservação da unidade nacional pelo ex-primeiro ministro Pierre Elliott Trudeau, pai do atual primeiro ministro Justin Trudeau que, simpático, faz questão de fazer seus discursos nos dois idiomas.

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