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Dividindo o caos na saúde

Instituto tanto faz para o Buriti, porque é arma eleitoreira

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Bartô Granja

A criação do Instituto Hospital de Base do Distrito Federal – menina dos olhos de Rodrigo Rollemberg -, aprovada nesta terça, 20, pela Câmara Legislativa, tira dos ombros do governador a culpa pela má gestão do setor saúde pública. Isso porque, se avançou houve, deve ser atribuído ao Hospital da Criança, que surgiu bem antes de Rollemberg chegar ao Palácio do Buriti.

O resultado da votação – 13 a favor, 9 contrários e duas ausências -, sequer fedeu ou cheirou para Rollemberg. Aprovada ou rejeitada a matéria, o governador sairia ganhando. Ele passaria a dispor, como dispõe agora, de um trunfo para as eleições do próximo ano.

A razão de ser disto é muito simples: de qualquer modo o governo ganharia.

Caso a proposta fosse reprovada, toda a responsabilidade sobre o caos na saúde seria lançada sobre os parlamentares. Alfinetar os distritais seria fácil, já que o governo detém uma das maiores verbas para mídia dos últimos anos. Poderia, se fosse o caso, acusar, com a cereja do seu bolo publicitário, a Câmara Legislativa de boicotar a saúde pública e de atender a interesses sindicais.

Mas, tendo sido aprovado o projeto, as discussões judiciais que se seguirão forçosamente retardarão a implantação do Instituto. Isso dará fôlego ao governo, que poderá seguir com o discurso de que quando implantado o IHDB, se não salvar da morte, ao menos poderá tirar a saúde da UTI.

Mesmo se não houver discussão judicial sobre o tema, a impossibilidade temporal de criar e implantar o novo órgão, será o discurso para buscar a reeleição, com o mote que passa pelo “me reelejam que vou instalar o IHBDF e salvar o DF do caos na saúde.”

Desenhado esse quadro, confirma-se que o resultado da votação é o que menos contava para o Buriti. O que importava mesmo – e que foi colocado cuidadosamente sobre a balança – é que agora quem ganha é o Governo de Brasília.

Rollemberg também consegue uma válvula de escape para os cada vez mais elevados custos morais e financeiros da sua administração. O governador não está mais obrigado, por exemplo, de esclarecer a ausência de inúmeras providências que deixou de adotar, como as fontes de recursos necessários para criação do Instituto, já que o Distrito Federal extrapola o limite prudencial de gastos da Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso, por si só, impede o aumento despesas, inclusive, criar novos órgãos, como é o caso.

Em síntese – como sentenciou um cabisbaixo deputado da oposição ao fim da votação -, o projeto IHBDF, desde já uma realidade virtual, não passa de uma forma de criar um discurso eleitoral, mesmo correndo-se o risco do emprego de palavras contaminadas.

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