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Folhetim, parte I

Imaculadas, com o destino das encantadoras noivas nas mãos do leitor

Publicado

Autor/Imagem:
J. Emiliano Cruz - Foto Produção Irene Araújo

Nota do autor: assim como na vida uma mesma história pode tomar caminhos diferentes, na ficção que escrevi os personagens também podem ganhar destinos diversos para o seu conflito. Pedi para uma amiga escritora que criasse um 2° epílogo para o meu conto sobre as noivas de Rio Branco. Você, leitor, como uma espécie de divindade, escolhe o destino que mais lhe agradar…

………………

O mistério da descoberta
Roberto Carlos e dois colegas de corporação chegaram animados a Rio Branco. O Acre sempre representou uma curiosidade para eles. Tinham ouvido coisas um tanto bizarras, mas também tinham gostado do relato das aventuras de outros colegas que lá já haviam estado. Muitas histórias foram contadas para eles nas rodas de conversas noturnas em São Paulo.

Hospedaram-se em uma pousada recomendada pelos confrades com experiência em Acre.

Lá, segundo eles, conheceriam uma situação invulgar para os padrões brasileiros, mas por mais que insistissem para saber do que se tratava, apenas ouviam dos colegas:

-Vocês vão ver…falavam com um sorriso enigmático.

Já na pousada, o trio apresentou-se às proprietárias do estabelecimento:

-Então vocês são paulistas, não? Eu sou Eulália e esta é Vilma. Bem-vindos a Rio Branco e à Pousada Irmãs Imaculadas!

-Muito prazer dona Eulália, dona Vilma, sim, somos de São Paulo. Eu sou Roberto Carlos e esses são Plínio e Odilon. Nossos colegas falaram muito bem do seu estabelecimento.

-Obrigado pela preferência, rapazes! Tenho certeza que vão gostar daqui. Vocês vão ficar por um mês como os outros? Reservamos o melhor quarto triplo para vocês.

-Sim, ficaremos por um mês. Obrigado pela gentil recepção, retribuiu RC.

-Bem, então vocês podem preencher as fichas de registro e pegar as chaves do quarto número 10.

Na ficha de registro, os três notaram um campo em destaque com uma observação invulgar: ESTADO CIVIL (SEJA SINCERO PORQUE VAMOS CHECAR). Acharam a anotação curiosa, mas preencheram a resposta e depois esqueceram da questão. Já instalados, os colegas comentaram entre si:

-A pousada é muito acolhedora conforme nos falaram. E tem muita gente hospedada aqui, disse RC.

-Sim…e as duas proprietárias parecem gente boa também, emendou Plínio.

-Concordo, mas como vamos saber da peculiaridade que tanto impressionou os nossos colegas? Os danados nos deixaram no escuro sobre isso! Sacanagem…reclamou Odilon.

-Hum…será que tem a ver com aquela declaração sobre o nosso estado civil? ruminou, Plinio.

-Ou sobre o nome da pousada, “Irmãs Imaculadas”? especulou, Odilon.

-Logo vamos descobrir, amigos, minimizou RC. Amanhã conversaremos com os hóspedes mais antigos e alguém certamente vai nos contar, se é que existe mesmo algo diferente por aqui.

No dia seguinte, durante o café da manhã, os três colegas sentaram-se à mesa e, após terem terminado a refeição, trocaram comentários acerca de quem ali poderia esclarece-los sobre o enigma da pousada.

-Olhem aquele senhor ali no canto, tem cara de conhecer tudo sobre o lugar, intuiu RC.

-Verdade, concordou, Odilon.

-Vamos tentar falar com ele, aquiesceu, Plinio.

Os três colegas aproximaram-se da mesa e se apresentaram para o desconhecido. Após algumas conversas sobre generalidades, RC foi direto ao ponto:

-Olha, seu Claudionor, não querendo ser indiscreto ou invasivo, nos disseram que essa pousada tem uma peculiaridade sui generis, algo muito diferente das outras…nós chegamos ontem, mas o senhor que está aqui há um bom tempo talvez saiba nos contar do que se trata.

-Hum…acho que sei do que vocês estão falando, aquiesceu Odilon.

-Pode nos esclarecer então? Perguntou ansioso, Plínio.

-Bem, também vou ser direto, rapazes: as donas da pousada tem uma casa de acolhimento para meninas órfãs ou filhas de pais carentes que ainda são menores de idade. Fica no anexo ao lado da pousada.

-Como? Uma casa de prostituição de menores? Surpreendeu-se, RC.

-O quê? E as duas pareciam tão decentes, indignou-se Odilon.

Antes que Plinio também pudesse manifestar a sua indignação, Claudionor esclareceu:

-Não, não é nada disso, rapazes! É mesmo uma casa de acolhimento. As duas irmãs recebem as meninas, cuidam, educam, vestem, alimentam e colocam elas na escola sem exigir nada em troca, além dos serviços caseiros nos quais elas se revezam quando não estão na escola. Elas ficam lá até se tornarem maiores de idade.

-Ah…então é isso? Muito legal, falou RC, admirado.

-Impressionante, falou Plínio. Mas como elas obtém recursos para isso? E o que acontece com as meninas após elas se tornarem maiores de idade?

-Então, os recursos vem do faturamento da pousada e das doações voluntárias que as meninas fazem à instituição depois que saem de lá.

A maioria delas sai casada imediatamente após completarem dezoito anos, mas somente decidem dar esse passo com a benção das duas madrinhas.

-Hum…interessante, disse RC. Mas elas podem escolher o noivo que elas quiserem?

-Mais ou menos, falou Claudionor. Funciona mais ou menos assim: os candidatos à mão das meninas devem se apresentar às madrinhas e, se aprovados após uma investigação do seu estado civil, situação profissional, condição financeira, antecedentes criminais, etc., aí tem permissão para cortejar as moçoilas no espaço coletivo do anexo. Todavia, apenas em dias determinados, por um período de tempo estipulado e, sempre, acompanhadas e/ou sob a supervisão das madrinhas.

-Uau…quase um colégio de noviças, admirou-se Plínio.

-Ah, agora entendi a questão da advertência sobre a declaração do nosso estado civil…muitos candidatos a noivo devem ser hóspedes da pousada, não?

-Exatamente, confirmou Claudionor. Aqui chega gente de todos as regiões do Brasil para trabalho temporário na cidade. É natural que muitos se interessem pelas meninas… e vice-versa.

Já inteirados sobre a curiosa situação, os três colegas dirigiram-se para a sede da sua corporação à fim de iniciarem as suas atividades profissionais.

-Gente, que situação incrível…os colegas de São Paulo tinham mesmo razão para terem ficado embasbacados, comentou RC.

Concordando com RC, os outros dois balançaram a cabeça afirmativamente.

-Confesso que fiquei curioso para conhecer as meninas que estão por lá, falou RC.

-Hum…você está fora do jogo, RC! Você já é casado, lembras? Observou maliciosamente, Plínio.

-Nós três estamos fora desse jogo…riu, Odilon.

-Eu estou separado de fato há dois meses, falta apenas oficializar…mas eu disse que quero apenas conhecê-las, nada além disso!

-Então tá, né…respondeu Plínio, descrente acerca da inocência das intenções do colega.

-Vocês não prestam…bem, vamos trabalhar e depois a gente vê isso, finalizou, RC.

………………….

O capítulo II será publicado na terça-feira, dia 29

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