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Impeachment coloca o bloco na rua na semana pré-carnavalesca

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A segunda-feira costuma ser de serenidade nos corredores, nos gabinetes e nos plenários do Congresso Nacional, mas a semana pré-carnavalesca começou agitada no meio político. Foi o que se viu, em particular, no Senado, onde, num discurso que provocou a reação dos colegas, o líder do PSDB Cássio Cunha Lima (PB), disse que não se pode falar em “golpismo” ou ter “arrepios” quando se menciona a palavra impeachment.

– Trata-se de uma possibilidade prevista na Constituição e está sendo citada pelo povo, alertou o tucano. Cássio, entretanto, ressaltou que a simples queda de popularidade de Dilma não pode ser a justificativa para um impeachment, acrescentando que a crise é grave devido à “letargia” do governo.

O discurso gerou reação imediata do senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que acusou os tucanos de serem “maus perdedores”. O petista foi líder do movimento pelo impeachment do então presidente Fernando Collor, hoje líder do PTB no Senado. Irritado, Lindbergh disse que não era golpista na época e que naquela ocasião havia fatos concretos.

Cássio Cunha Lima disse que falar em impeachment da presidente Dilma Rousseff não pode causar “arrepios”, alegando que quem fala nisso é o “povo” e não a oposição.Ele criticou a escolha de Aldemir Bendine para presidir a Petrobras. O tucano chamou Bendine de “tarefeiro do PT”.

— Não se pode falar em golpismo quando se fala a palavra impeachment. Está na Constituição. E a Constituição tem que ser cumprida em todas as suas letras. Ao pronunciar a palavra não pode haver arrepios ou nem sequer reações que podem ser traduzidas como golpistas. Não estamos falando nisso. Mas quem fala nisso, e em tom cada vez mais alto, é o povo brasileiro. Cabe-nos serenidade e cobrança crítica ao governo. Não será no isolamento que a presidente encontrará a saída para este instante grave, disse.

Segundo o líder do PSDB, “queda de popularidade não está na Constituição como causa para impeachment. A questão não é essa. É um conjunto de fatores que leva à população a mencionar, cada vez mais, isso que está na Constituição. Não estamos aqui para brincar em momento tão grave

O tucano criticou o apoio dado pelo PT na sexta-feira, em sua festa de 35 anos, ao tesoureiro João Vaccari Neto, investigado no escândalo da Petrobras.

— Chama atenção a letargia na Petrobras, um governo que não tem capacidade de ação e de reação. O governo fez talvez a pior escolha, porque não escolheu nada além do que um tarefeiro para tentar limpar a cena do crime da Petrobras. É com que tristeza vejo o PT se afundar nesse poço, não de petróleo, mas de lama — alfinetou o líder do PSDB.

Líder dos chamados “cara-pintadas” na década de 90, o petista Lindbergh ficou irritado com o discurso. Ele disse que a oposição está estimulando algumas manifestações, que seriam golpistas por defenderem, até, a volta da ditadura.

— Vocês estão sendo maus perdedores. Falar em impeachment depois de um processo eleitoral democrático é golpista. O que estou vendo aqui é grito de quem perdeu a eleição e não está querendo aceitar o resultado. Não se pode acusar o povo de golpista, mas tem uma minoria golpista se organizando sim. E estimulados pelo PSDB, que questionaram as eleições. Acho vergonhoso. Tenho visto uma minoria golpista, afirmou, reagindo quando lembrado que já defendeu o impeachment de Fernando Collor. “Defendi o impechment porque havia casos que justificavam o impeachment, existiam fatos concretos. Agora, não há nada. Você estão sendo maus perdedores. A situação do Collor era completamente diferente. Aqui, é grito de perdedor.”

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a questão do impeachment estava sendo tratada de forma “leviana”. Mas ela admitiu que o governo Dilma Rousseff tem falhas de comunicação.

— Temos sim problemas de comunicação: é um governo que faz muito e comunica pouco, disse.

O líder do PDT no Senado, Cristovam Buarque (DF), disse que a palavra impeachment está “na boca do povo”, concordando com o líder do PSDB.

— A palavra impeachment não deve causar arrepio, porque está na Constituição, mas o que causa arrepio é que está na boca do povo. Mas não adianta tentar silenciar, tentar silenciar é que é golpismo. A palavra não chegou na boca do povo insuflada pelas oposições e sim pelos equívocos de governo. E estou assustado. A presidente Dilma falou em diálogo pela última vez no dia da vitória dela. E sabe-se que não é para valer, assinalou.

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