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Imprensa aceita fatos ou engole linguiça crua que inventa

Baseado em minha antiga e razoável trajetória de repórter esportivo, aprendi com dirigentes, técnicos e jogadores de futebol que, em uma partida envolvendo disputa de título, uma vitória por meio a zero tem de ser comemorada como uma épica goleada. Na quarta-feira (13) à noite, 47 senadores aprovaram a indicação de Flávio Dino, senador e ministro da Justiça licenciado, para uma das 11 cadeiras do Supremo Tribunal Federal. Os 31 votos contrários à nomeação já eram de alguma maneira esperados pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

De qualquer modo, encerrado o tempo regulamentar da disputa, o placar apontou 16 votos a mais a favor de Dino, o que, convenhamos, não pode ser descartado por nenhum dos maiores estatísticos de determinadas emissoras pagas do país.

Não deveria, mas foi o que fizeram os colegas que, obrigados a “encher linguiça”, deram muito mais importância ao placar e muito menos à vitória de Lula e de Flávio Dino. Que me perdoem nossas eminências pardas do jornalismo político, mas vencer significa convencer e não bailar. É a velha mania de subverter os fatos.

Além de ideológicos, os votos desfavoráveis ao novo ministro do STF, consequentemente ao governo, são cristalinamente um recado maldado aos seguidores do bolsonarismo, os quais morrerão de infarto, mas não se darão conta de que politizar qualquer coisa chancelada pelo atual presidente é marchar com os pés trocados.

A sessão no Plenário foi a prova de que os cães ladram e a caravana passa. Suas excelências que insistem em babar os ovos de um mito que já foi para as calendas perderam a disputa. Ponto final. Entretanto, como se estatísticos fossem, ‘coleguinhas’ da imprensa pareciam comemorar o suposto aperto de Flávio Dino.

O Palácio do Planalto venceu. Flávio Dino venceu, mas a turma da linguiça preferiu os comparativos com outros indicados à Corte. Pouco importa se Luiz Fux e Luís Roberto Barroso tiveram mais. Eles e Dino terão o mesmo peso jurídico (menos político) quando o ministro da Justiça se sentar na cadeira de número 11, a que até pouco pertenceu à ministra Rosa Weber.

Palmeiras, Grêmio, Flamengo e Atlético Mineiro terminaram o Campeonato Brasileiro deste ano com uma diferença mínima de pontos. Nem por isso o grupo do Palmeiras deixou de se entusiasmar com o título. Título é título e Flávio Dino ganhou mais um nobre título em sua vitoriosa carreira de homem público. Para quem já foi juiz federal, presidente de entidade de classe, deputado federal, governador de dois mandatos, senador e ministro da Justiça, voltar às origens na Corte Suprema com 16 votos de diferença não é para chorar.

Na contramão do noticiário nacional, Notibras se ateve aos fatos. Noticiou a vitória de Flávio Dino, informando os bastidores das quase dez horas de sabatina, incluindo o passado e o presente do agora ministro do STF. Aliás, Notibras “bancou” a indicação de Dino desde que seu nome ainda era especulação de parte da imprensa “especializada”. Jamais houve dúvida acerca da escolha de Luiz Inácio. Do mesmo modo, nunca duvidamos de que, apesar do jus sperniandi da oposição, Flávio Dino fosse ficar de fora do que mais gosta de fazer: jurisdicionar.

Por isso, tanto faz 47 a 31 ou 81 a 0. Portanto, le duela a quien le duela, Flávio Dino é ministro do Supremo Tribunal Federal.

*Armando Cardoso é presidente do Conselho Editorial de Notibras

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