Em alta na decoração, o estilo industrial, caracterizado por superfícies mais rústicas e sem acabamento, vem ganhando um número cada vez maior de adeptos. Porém, da sala à cozinha, para imprimir esse visual a qualquer ambiente, é recomendável começar de baixo para cima, isto é, a partir do piso do imóvel. De preferência, feito de materiais que reproduzem o cimento.
“É um recurso curinga, uma simples argamassa que não exige nenhum procedimento especial para aplicação”, explica a designer de interiores Marina Linhares, que tem empregado o cimento queimado em muitos de seus projetos. Outro fator apontado por ela, a composição simples, permite que o acabamento seja realizado logo após a execução do contrapiso. “Primeiramente, é jogado o pó de cimento para ‘queimar’ e, depois, usamos a desempenadeira de aço para dar o efeito escovado e deixá-lo mais uniforme”, diz.
Além de fácil de combinar — texturas como as da madeira, pastilhas de vidro, pedras e cerâmicas acompanham bem o acabamento quando empregadas lado a lado na composição dos ambientes —, o custo da aplicação é um atrativo a mais. Variando de acordo com o tipo de material empregado e o profissional contratado, o valor do serviço completo fica entre R$ 30 e R$ 100 por m².
Ainda assim, o arquiteto Kleber Arigucci alerta que é preciso pesquisar antes de decidir pelo revestimento, já que o cimento queimado trinca com facilidade. “Com o movimento natural das edificações, o piso vai dilatando”, afirma. Para evitar o problema, ele prefere incluir uma resina a base de limestone — uma espécie de rocha sedimentar — na preparação da massa. Segundo o arquiteto, a solução garante maior uniformidade à superfície, além de evitar rachaduras, apesar de ser mais cara (em média R$ 180 por m², inclusa a instalação).
“Com esse composto, é possível desenvolver um piso único, sem rejuntes. No cimento queimado convencional, é preciso fazer juntas de dilatação para não trincar”, afirma Kleber. “O cimento dá uma sensação de amplitude nos espaços e ainda é atérmico, não absorve calor e não ‘abafa’ a casa”, considera.
Já para aqueles que não abrem mão dos tradicionais pisos de porcelanato, diversas marcas já disponibilizam peças com a aparência cimentícia, como a linha Silos da Portobello, que oferece placas por cerca de R$ 60 por m².
“A vantagem é que o material pode ser aplicado mesmo em áreas com intenso fluxo de água”, destaca a arquiteta Marcela Madureira. “Além disso, eles vão bem em qualquer ambiente e são neutros, dando liberdade para a composição no restante do projeto”, completa.