Uma nova história feita pelo artista Tito foi gravada na lateral do prédio do Instituto Nacional do Câncer (Inca), na Rua Equador, na Zona Portuária. Os cariocas que já se habituaram a ler quadrinhos com as aventuras de Zé Ninguém, um sem-teto que anda sempre com um vira-latas em busca de seu amor perdido na cidade, agora podem ver nos muros do Inca, mais um obra do artista. Dessa vez o personagem conta uma história de combate ao tabagismo, que é responsável por 30% das mortes por câncer no Brasil. A obra é a maior HQ de rua do mundo, com 400 m² de tamanho.
Tito, o artista responsável pelo personagem, conta que é uma honra pintar a parede de uma instituição de combate ao câncer.
“É um projeto que eu apoio bastante. Foi uma grande parceria. Eu tive muita ajuda. No fim das contas, eu aprendi muito mais coisas com eles do que eles comigo.”
Alberto Serrano, o Tito, criador do Zé Ninguém, é um cidadão do mundo. Nascido e criado no Bronx, em Nova York, Estados Unidos, cresceu aprendendo a se expressar tão bem em inglês como em espanhol graças aos pais, nascidos em Porto Rico. O encontro com o Rio e a cultura do país aconteceu em 2001, quando acompanhava as férias da namorada brasileira, que atualmente é sua mulher, e que conheceu nos EUA. O encantamento definitivo se deu quando foi pela primeira vez ao Parque Lage, no Jardim Botânico, se apaixonou pelo lugar e decidiu estudar artes lá.
Apesar de já trabalhar com arte e HQ nos Estados Unidos, a pintura dos muros começou no Rio, com o empurrãozinho de um brasileiro.
“Eu tinha um amigo que sabia que eu desenhava. Ele via os meus quadrinhos e me convidou a pintar com ele. Eu gostei e isso tomou conta de tudo”, lembrou.
Logo em seguida, passou a estudar as possibilidades que aquela nova forma de arte poderia oferecer.
“Comecei a pensar qual poderia ser a minha contribuição para o grafite e para o que acontecia no mundo. Eu sei contar histórias e comecei a contá-las nas ruas. E acabei criando o Zé Ninguém para isso”, contou.
A pintura gigante no prédio do Inca é uma forma de chamar a atenção para a linguagem dos quadrinhos nas ruas, para a importância da leitura e para os riscos do fumo:
“Fazer o maior quadrinho de rua do mundo significa um grande passo para continuar a fazer histórias nas ruas”.