Uma parcela do Parque Nacional da Serra da Canastra, no sudoeste de Minas Gerais, está em chamas desde a noite da última terça-feira (15). Administradores da unidade de conservação de cerca de 200 mil hectares (um hectare equivale ao tamanho de um campo de futebol) ainda não sabem precisar o tamanho da área já atingida pelo fogo e nem o que causou o incêndio, mas não descartam a suspeita de ação criminosa, mesmo que não intencional.
Segundo a analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Paola Vieira Ribeiro, o fogo continua se alastrando, pois o clima e a vegetação típica do Cerrado estão muito secos e as áreas em chamas são de difícil acesso. Cerca de 40 brigadistas do instituto atuam em quatro frentes para tentar apagar o fogo e já solicitaram ajuda ao Corpo de Bombeiros de Piumhi (MG).
Criado em 1972, o parque abrange as cidades mineiras de Capitólio, São João Batista do Glória, Delfinópolis, Sacramento, São Roque de Minas e Vargem Bonita – municípios que encontraram no ecoturismo e no turismo de aventura uma importante fonte de renda. O fogo atinge a área noroeste da unidade, entre São Roque de Minas e Sacramento (cuja portaria de acesso está fechada aos visitantes).
Em setembro de 2012, um incêndio de grandes proporções destruiu quase 50 mil hectares de vegetação nativa no parque.
Além de abrigar diversas cachoeiras, como a Casca D’Anta, de quase 200 metros de altura, dois sítios arqueológicos, paredões rochosos e montanhas que beiram os 1,5 mil metros de altitude, Parque Nacional da Serra da Canastra permite ao visitante conhecer a nascente do Rio São Francisco, um dos mais importantes cursos d´água da América do Sul. Catorze espécies animais ameaçadas vivem protegidas na unidade de conservação, entre elas o lobo-guará, a onça-parda e o tamanduá-bandeira.
Moradora da região e funcionária de uma agência de ecoturismo, a auxiliar administrativa Aparecida Geralda de Faria disse à Agência Brasil que tem recebido telefonemas preocupados de pessoas que planejam visitar o parque.
“Como o fogo ainda está recente, ainda não sentimos nenhum impacto. Nem mesmo em termos financeiros, já que, até agora, ninguém precisou cancelar as reservas. É lamentável a morte de animais, o estrago. É de doer o coração. E o pior é que isso não é exatamente uma surpresa. Todos os anos vivenciamos este mesmo problema nesta época do ano. Só varia a proporção. Tomara que eles consigam controlar logo isso”, comentou.
Alex Rodrigues, ABr