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Espaço PcD

Incenso que perfumou Jesus é o aroma do nosso dia-a-dia

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Autor/Imagem:
André Montanha - Foto Acervo Pessoal

Desnecessário dizer (embora já dizendo) que o enxadrista da foto acima sou eu, em flagrante registrado por Neusa, minha mãe. Repare dois detalhes: a cadeira de rodas, que parece ter vindo ao mundo como uma minha irmã siamesa, e o incenso, junto à minha mão esquerda. Sobre o xadrez, nada a falar por ora. O assunto aqui é incenso.

Incenso, aliás, que tem uma história milenar. Transporta-se às mais antigas dinastias chinesas (desde os tempos neolíticos, ou seja, há 10 mil anos) e seu uso tornou-se mais difundido durante os impérios de Xia, Shang e Zhou. De lá seguiu para a vizinha Índia.

Da terra hindu, seu aroma foi levado sobre dunas africanas, soprado por um vento árido, para perfumar as cortes dos faraós do Egito. Logo depois, atravessou as águas da Península do Sinai para se espalhar por todo Oriente Médio.

Não é por acaso que Baltazar, Melchior e Gaspar presentearam Maria com incenso, mirra e ouro. Como este mineral foge do alcance de pobres mortais como nós, vou ater- me aqui ao palitinho que faz fumaça quando aceso e perfumou a manjedoura onde se via deitado o menino Jesus.

Como sabemos, existem incensos de vários aromas, a exemplo de béguin, cravo, canela, rosas, além da própria mirra.

Vamos a eles: de canela, bom para transações comerciais, também é antisséptico e curador. Deve ser usado nos quartos de doentes, pois tem funções curativas; de lavanda, são perfeitos para momentos de agitação. A essência da planta naturalmente tem um efeito calmante, e pode ajudar a trazer tranquilidade e harmonia; alfazema, bom para crianças e pessoas sensíveis, traz paz de espírito e tranquilidade, limpando o ambiente; de mirra, cria um bom ambiente para meditação, orações e relaxamento; de alecrim: melhora a vista, auxilia na concentração, dá clareza de mente, coragem, segurança e prudência. Também utilizado para limpeza de ambientes; arruda, protege contra o mau olhado e serve para limpeza de ambientes; camomila, apazigua os ânimos e acalma o sistema nervoso; cravo, bom para pessoas que trabalham muito com a voz, como professores, cantores e locutores; eucalipto, possui faculdades curativas, ajuda em problemas respiratórios; flor de campo, ótimo para crianças, traz paz e proteção espiritual; maçã verde, proporciona harmonia com os animais, bom para a saúde; rosa da Índia, para ambientes de trabalho em grupo. Queima os elementos de baixa vibração; rosa branca, traz paz e harmonia, purificação de ambientes.

O incenso nos faz meditar. O que somos, o que queremos, o que podemos ter. Certeza mesmo, há uma: cérebro todos temos, embora saibamos que nem todos sejam privilegiados.

Observando a brasa na ponta do palito, e a fumaça que se espalha pelo ambiente, misturando-se ao verde primaveril de minhas plantas, avalio que não é qualquer um que planta a semente e colhe o trigo. Afagar a terra é fácil; difícil é a colheita que permitirá produzir o delicioso pão nosso de cada dia.

Reflito mais. Foi-se o tempo do “coitadinho”, do “que peninha”. Nós, PcD – e eu me incluo nesse grupo de Portadores de Deficiência – não somos PNE (Portadores de Necessidades Especiais). Esse é um segmento diferente da sociedade. É o morador de rua, o que vive em comunidade com a geladeira vazia… esses sim, são portadores de necessidades, e que merecem tanta ou mais atenção do que nós.

Os PcD – sem querer aqui subestimar a força e a inteligência dos PNE – têm cérebro, mesmo que, eventualmente, surjam com curto-circuito no cerebelo. E sabemos, enquanto portadores de deficiência, que incenso não é só aroma. É preciso saber inalar, meditar e buscar o que se quer alcançar.

O resto é como fumaça que, soprada por qualquer brisa, se perde numa esquina.

Sou o André, uma ‘verdadeira montanha’ de força de vontade. Notibras abriu este espaço para pessoas como eu, como você. O espaço é nosso. Se desejar interagir, mande sugestões, mande seus textos. Meu contato (WhatsApp) é +55 61 98425-4895.

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