José Escarlate
Golbery demitiu-se depois do episódio das bombas do Riocentro, que colocou em risco a vida de milhares de pessoas. Retirou-se para o exílio do seu sítio de Luziânia, a 40 quilômetros de Brasília.
O presidente Figueiredo decidiu nada fazer, exceto remover discretamente elementos identificados da linha dura para quartéis do interior do Nordeste.
Segundo o general Gustavo de Moraes Rego, o episódio do Riocentro foi a gota d’água para Golbery.
“Ele escreveu uma carta para o Figueiredo, que foi entregue num sábado à noite, na Granja do Torto. Pelo que soube, a carta foi devolvida em mãos, pelo presidente, após a reunião das nove, no palácio do Planalto”.
Golbery, após a reunião, deixava o gabinete quando o presidente o chamou: “Ministro, eu quero falar com o senhor.” Golberi voltou e Figueiredo disse: “Está aqui a sua carta.” E a devolveu.
Golbery tinha ciência dos obstáculos que Figueiredo teria de enfrentar para punir os responsáveis pelo Riocentro, se seguisse sua orientação. Julgava, porém, que ele teria ânimo e coragem para enfrentar o problema. A decepção veio forte e o velho general, que segundo ele próprio disse ter criado um monstro – o SNI -, decidiu fechar a porta e seguir para o refúgio de Luziânia.
Golbery teve a certeza de que Figueiredo não era mais aquele seu aluno. Era outro…